Agbogbloshie, um subúrbio de Accra, Gana, é conhecido globalmente como um dos maiores lixões de produtos/descartes eletrônicos do mundo.
Por isso, nos últimos anos, este local se tornou o centro de um grave problema ambiental e social.
E o que está por trás disso? Há quase um acordo mútuo entre quem reflete sobre o assunto: globalização e descarte inadequado de equipamentos eletrônicos.
O que é Agbogbloshie e por que existe?
Localizado perto da Lagoa Korle, Agbogbloshie era originalmente uma área pantanosa, onde viviam cerca de 40.000 pessoas em condições precárias.
Entretanto, com o tempo, esse cenário mudou e o local se transformou em um dos maiores lixões de lixo eletrônico. Afinal, a região recebe inúmeros containers com aparelhos descartados de todo o mundo:
- Computadores;
- Celulares;
- Televisões;
- Ar-condicionado;
- Ventiladores;
- Micro-ondas entre muitos outros dispositivos.

“Mas como assim? Pode jogar o lixo do seu país em outro?” Não, no entanto, o O descarte é justificado por muitas vezes como produtos para “reutilização”. Há até mesmo os que chegam com rótulo de “doação”.
Na prática, esses aparelho acabam se acumulando no lugar sem uma infraestrutura adequada para manejo.
Processos e riscos ambientais e à saúde
A questão do descarte do lixo, por si só, é problemática, contudo, não para por aí. Isso porque, Agbogbloshie, uma economia se estruturou em torno desse lixo. Com pessoas “reutilizando” o que ainda tem valor: basicamente, ferro e cobre.
Entretanto, como se não bastasse ter uma economia em torno do lixo, todo processo de destruição de eletrônicos ocorre manualmente. Um processo perigoso e altamente poluente.
Esse processo libera fumaças tóxicas, que já contaminou o solo, a água do rio que corria próximo à comunidade, e o ar. As pessoas diariamente se expõe a substâncias como chumbo, mercúrio, dioxinas e PCBs.
E mesmo que você não saiba o que cada um faz, na prática, elas são extremamente prejudiciais à saúde humana.
🔎 Estudos revelaram que os níveis de chumbo nos solos de Agbogbloshie, é de 14.000 PPM (Partes Por Milhão). Os níveis aceitáveis, estão entre 400 e 600 PPM.
Intervenções e esperança sobre o futuro
Em 2021, o governo de Gana demoliu parcialmente algumas áreas de Agbogbloshie na tentativa de erradicar o desmanche eletrônico.
No entanto, a falta de alternativas claras para os trabalhadores prejudicou ainda mais a situação. A comunidade local continua dependente dessa atividade informal, sem opções de emprego ou qualificação.
Ainda assim, existem esforços de recuperação, como Act!onade, o Korle Lagoon Ecological Restoration Project, além de iniciativas de ONGs como Pure Earth, GIZ e Agbogblo Shine Initiative.
De todo modo, o progresso é lento e os desafios continuam imensos.
Estima-se que cerca de 15.000 toneladas de lixo eletrônico cheguem a Agbogbloshie anualmente. Isso, além de não ajudar a trazer novas alternativas, continua expondo populações vulneráveis a riscos ambientais e à saúde.
