Voto não enche barriga?” Por que regularizar seu título de eleitor é mais importante do que parece

ARAGUARI, MG — Em meio a dificuldades financeiras, inflação e insegurança social, uma frase volta a ecoar nas ruas e redes sociais: “Voto não paga boleto.” Mas a verdade é que, mesmo não colocando comida diretamente no prato, o título de eleitor é uma ferramenta essencial para garantir acesso a políticas públicas, programas sociais e decisões que afetam diretamente o bolso do cidadão, especialmente os mais pobres.

Voto não enche barriga?” Por que regularizar seu título de eleitor é mais importante do que parece. Imagem: FDR

Regularizar o título de eleitor não é apenas um ato de cidadania, é um passo estratégico para quem depende do Estado para sobreviver. O documento, além de permitir o exercício do voto, é exigido em diversas situações da vida prática, como: matrícula em universidades públicas, inscrição no Enem, posse em concursos públicos e, em muitos casos, até para manter o cadastro em programas sociais como o Bolsa Família e o Pé-de-Meia.

Título de eleitor e acesso a programas sociais

O Cadastro Único (CadÚnico), porta de entrada para benefícios como o Bolsa Família, exige que os dados dos beneficiários estejam atualizados, incluindo a situação eleitoral. Em 2022, por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alertou que dados desatualizados no título de eleitor poderiam resultar em inconsistências no CadÚnico e, em alguns casos, bloqueios temporários de benefícios.

Além disso, programas como o Pé-de-Meia (voltado para estudantes de baixa renda), o Auxílio Brasil e outras iniciativas municipais e estaduais também utilizam o CPF e o cadastro eleitoral como critérios para a liberação de benefícios e verificações de elegibilidade.

Quem não vota, deixa de decidir para onde o dinheiro vai

Segundo dados da Câmara dos Deputados, o Orçamento Geral da União é votado anualmente por representantes eleitos. Isso significa que quem comparece às urnas tem o poder de ajudar a escolher quem vai administrar bilhões de reais em recursos públicos.

Esse dinheiro é usado para pagar aposentadorias, merenda escolar, hospitais, subsídios agrícolas e programas de transferência de renda. Ao abrir mão do voto, o cidadão entrega essa decisão a outros e, por consequência, renuncia ao poder de influenciar diretamente em políticas que podem melhorar (ou piorar) sua condição de vida.

Título de eleitor também é exigência legal

Quem não regularizar o título de eleitor fica impedido de:

  • Se inscrever em concursos públicos ou assumir cargo efetivo;

  • Renovar matrícula em instituição pública de ensino;

  • Obter passaporte ou carteira de identidade;

  • Tomar posse em cargos públicos federais, estaduais e municipais;

  • Além de sofrer sanções previstas na Lei nº 4.737/1965 (Código Eleitoral).

Como regularizar o título de eleitor?

De acordo com o TSE, o processo de regularização pode ser feito pelo site tse.jus.br, por meio da ferramenta Autoatendimento do Eleitor. Basta ter em mãos documento oficial com foto, comprovante de residência e, se possível, o título antigo. A regularização eleitoral geralmente abre no segundo semestre de anos não eleitorais, e o prazo final para estar apto a votar costuma ser até maio do ano eleitoral.

Em tempos difíceis, exercer o direito de voto e estar com a documentação em dia é mais do que um gesto simbólico, é uma forma concreta de participar da construção de um país mais justo. Como lembra a ex-ministra do TSE Luciana Lóssio, “votar é escolher os gestores da máquina pública que decidirão sobre saúde, educação e segurança. E isso afeta diretamente a vida de todos”.

 

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.