Criado em 2003, o objetivo do Bolsa Família é oferecer acesso aos direitos básicos para as famílias de baixa renda. Uma recente pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) mostrou exatamente isso, ao comprovar que os inscritos se alimentam melhor.
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O Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda do Brasil, reconhecido internacionalmente por já ter tirado milhões de famílias da fome. A sua primeira versão foi lançada em 2003, mas nesses mais de 20 anos já recebeu uma série de atualizações.
Hoje, o programa libera em média R$ 671,81 por família inscrita, valor que deve ser usado para garantir os direitos básicos como alimentação, saúde, educação e lazer. Confira o calendário de pagamentos de fevereiro no vídeo a seguir.
Bolsa Família é importante na nutrição da primeira infância
Em março de 2023 o governo incluiu benefícios complementares no valor do Bolsa Família. Esses bônus liberam um valor maior para grupos que possuem crianças, jovens e gestantes, considerando que eles têm mais gastos.
Uma pesquisa realizada pelo MDS mostrou que a ajuda para famílias com crianças traz efeitos na nutrição dos menores. Isso porque, eles têm tido mais acesso aos alimentos básicos e ricos em vitaminas.
Esse foi o assunto discutido no Fala MDS do dia 14 de fevereiro. O podcast recebeu a secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, Valéria Burity, e o coordenador na Diretoria de Vigilância do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), José Alexandre Júnior.
“A eutrofia que é o termo para ilustrar o estado adequado das crianças ultrapassa a casa de 65% em todos os estados que a gente acompanhou. Então, além de levar o alimento, o Bolsa Família está levando o alimento adequado”, analisou José Alexandre, um dos autores da pesquisa.
A pesquisa analisou dados de 285 mil crianças acompanhadas pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) entre 2019 e 2023. Uma das obrigações do responsável pela família é levar as crianças para medir peso e altura uma vez a cada seis meses.
As crianças de zero a seis anos tiveram melhoras consideráveis em seu estado nutricional. O Índice de Massa Corporal (IMC) adequado para a idade, passou de 58,26% em 2019, para 67,46% em 2023.
“As famílias sabem gastar. Elas sabem ter acesso aos alimentos e reverter os estados nutricionais inadequados, quer seja na magreza ou na magreza acentuada, quer seja no sobrepeso e na obesidade”, completou José Alexandre.
Acompanhamento nutricional das crianças do Bolsa Família
Todos os titulares do Bolsa Família, em sua maioria mulheres, são representantes de todos aqueles que vivem na mesma casa. Eles são orientados a levar as crianças de até seis anos ao posto de saúde mais próximo para medir peso e altura.
Esse acompanhamento é feito a cada seis meses, ou seja, duas vezes por ano. Entre janeiro a junho, e depois entre julho e dezembro. Quem descumpre essa condicionalidade sofre consequências, como o bloqueio do seu salário até que haja a atualização.
“Acompanhar esses indicadores vai dando para gente a situação da criança em relação à nutrição. Isso é bem importante, porque faz com que a gente entenda o que está acontecendo e possa direcionar, orientar as políticas públicas”, elucidou Valéria Burity.
A magreza acentuada diminuiu de 4,9% para 3,76%. Além disso, a prevalência de sobrepeso diminuiu de 8,17% para 6,51% e a obesidade infantil caiu de 7,9% para 5,4% no mesmo período.
O que demonstra que o programa também obteve um resultado benéfico na promoção de hábitos alimentares saudáveis.
“Todos os indicadores melhoraram. A gente sabe que o Bolsa Família contribui para o acesso à alimentação das famílias, especialmente as chefiadas por mulheres. É importante para superar a fome”, disse a secretária.
O estudo também revelou progressos no desenvolvimento infantil. Os casos de estatura muito baixa para a idade diminuíram de 9,32% para 5,32%, enquanto a baixa estatura caiu de 11,01% para 7,57%.
Mas, por que escolher fazer o acompanhamento nutricional, com o peso e a altura, de crianças com até 6 anos de vida?.
“A gente escolheu esse público de zero a seis anos, porque o futuro dessas crianças está intimamente ligado ao estado nutricional delas hoje. Então, para salvar essas crianças, a gente precisa fazer algo urgente”, defendeu o coordenador da Diretoria de Vigilância do Sisan.
Valor liberado para famílias com crianças
Desde 2023 o governo federal libera benefícios complementares para os inscritos no Bolsa Família. A maior quantia, de R$ 150, é paga para as crianças com até 6 anos de idade.
O foco nesse público é justificado pela maior concentração de crianças de zero a seis anos em famílias de baixa renda do que na média da população.
Desde a sua criação, o bônus já diminuiu em 91,7% a pobreza na primeira infância, conforme revelou o Unicef.
Em fevereiro de 2025 foram 9,12 milhões de crianças com até sete anos incompletos recebendo o benefício de R$ 150, cada uma. O valor liberado por inscrito é de:
- Mínimo do benefício é R$600,00 para todos os beneficiários;
- Extra de R$150,00 por criança de até 6 anos na composição familiar (Benefício Primeira Infância);
- Extra de R$50,00 por pessoa entre 7 e 18 anos, e por gestante na família (Benefício Variável Familiar);
- Extra de R$ 50 para bebês de até 6 meses de vida (Benefício Nutrizes).