Fiscalização do Pix é vista como quebra de sigilo bancário pelos brasileiros

A fiscalização do Pix se tornou um tema central à medida que o uso de pagamentos digitais cresce no Brasil. A agilidade e praticidade do sistema são inegáveis, mas isso também exige uma atualização nas normas de controle fiscal.

Fiscalização do Pix é vista como quebra de sigilo bancário pelos brasileiros. Imagem: Jeane de Oliveira/FDR

Para garantir que o sistema de pagamentos esteja em conformidade com as novas demandas, a Receita Federal revisou um processo de coleta de dados que esteve em vigor há mais de duas décadas. Desde janeiro, as novas diretrizes sobre a fiscalização do Pix e outras transações digitais estão em operação.

Apesar das mudanças, há uma crescente desinformação sobre as novas regras, principalmente no que diz respeito ao Pix. A adaptação a essas alterações ainda gera confusão entre os usuários, que precisam estar atentos às atualizações.

A fiscalização do Pix tem gerado questionamentos entre trabalhadores e pequenos empresários sobre a vigilância das transações cotidianas. A preocupação com a abrangência das novas regras é uma dúvida comum.

Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal, esclareceu que essas transações do dia a dia não serão o foco da fiscalização do Pix. Ele garantiu que o monitoramento será direcionado a questões mais específicas e relevantes para o controle fiscal.

 “A Receita Federal não tem nenhum interesse em saber o detalhamento, quantos PIX você recebeu e quem passou para você, onde você gastou o seu dinheiro. Nada disso é informado”, assegura o secretário da Receita Federal.

Fiscalização do Pix fere o sigilo bancário?

A fiscalização do Pix, embora mais rigorosa, não interfere na proteção do sigilo bancário. Segundo o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, as informações coletadas pelas instituições financeiras são globais e não revelam detalhes das transações, como origem ou destino.

A Receita Federal apenas recebe os totais movimentados mensalmente, respeitando o limite de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas. A Constituição garante que a criação de tributos sobre movimentações financeiras exija emenda constitucional, o que impeça qualquer alteração nesse sentido.

Antes da atualização, modalidades como cartões de crédito e depósitos já estavam sob monitoramento quando os valores ultrapassavam R$ 2 mil para pessoas físicas e R$ 6 mil para empresas. O novo sistema de fiscalização do Pix segue essa mesma linha de transparência, sem invadir a privacidade dos usuários.

A fiscalização do Pix não afeta a proteção ao sigilo bancário dos cidadãos. A atualização visa, exclusivamente, às instituições financeiras regulares e os meios de pagamento supervisionados por órgãos como o Banco Central e a CVM.

Segundo Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal, a mudança não traz impactos diretos para os usuários. A nova normativa é obrigatória apenas para entidades reguladas pelo Banco Central, CVM, Susep e Previc.

Como a fiscalização do Pix funcionará na prática?

A fiscalização do Pix exige que as instituições financeiras reportem apenas os valores totais das transações, sem identificar os destinatários ou a natureza das operações. A Receita Federal esclarece que essa abordagem segue as diretrizes do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), com dados criptografados e assinados digitalmente para garantir sua integridade.

É importante destacar que entidades como administradoras de consórcios, instituições de previdência e gestores de contas de pagamento devem cumprir os prazos de envio semestral das informações. A não aplicação pode resultar em multas, conforme a legislação vigente, com prazos de envio previstos para agosto de 2025 e fevereiro de 2026.

A fiscalização do Pix tem como objetivo evitar que inconsistências no sistema façam com que os impostos sejam erroneamente incluídos na malha fina. A Receita Federal busca aprimorar o processo de monitoramento para garantir mais precisão nas análises.

Além disso, a medida facilita a identificação de transações que possam estar associadas a atividades ilícitas, como crimes financeiros. A atualização visa aumentar a eficiência na detecção de irregularidades.

“Fique muito tranquilo, pode continuar usando o seu PIX normalmente”, complementa o secretário. De acordo com ele, mesmo em casos em que há movimentações atípicas, como o empréstimo de cartão de crédito a um parente, não há risco com a Receita Federal, porque é comum que isso aconteça entre os brasileiros. A RFB coleta informações de uma série de fontes oficiais para cruzar dados. “Não é porque em um determinado mês você gastou um pouco mais que isso vai gerar algum problema com a Receita Federal,” ressalta.