Brasileiros devem preparar o bolso: Ceia de Natal terá aumento significativo

A Ceia de Natal em 2024 ficou mais cara para os brasileiros, com uma inflação de 7,7% na cesta de produtos típicos, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O preço médio subiu de R$ 402,45 em dezembro de 2023 para R$ 433,42 neste ano.

Brasileiros devem preparar o bolso: Ceia de Natal terá aumento significativo. Imagem: Jeane de Oliveira/FDR

O aumento da Ceia de Natal superou a inflação geral acumulada de 4,33% até novembro. Entre os itens que mais pesaram no bolso, destacam-se as carnes e as frutas, como uva e pêssego, que registraram altas de quase 20% e 18,96%, respectivamente, conforme explicou Guilherme Moreira, coordenador do IPC-Fipe, em entrevista ao Globo Rural.

“Isso tem a ver com a seca de setembro, as ondas de calor que nós tivermos no final do ano passado, mas também tem um pouco de impacto de câmbio nesse preço, esse ano nós tivemos uma desvalorização cambial de quase 25%. Isso afeta os alimentos de várias maneiras, não só os que são importados, mas também o custo de produção aqui no Brasil”, explicou.

Produtos bastante consumidos na Ceia de Natal, mesmo fora da cesta tradicional, tiveram aumentos expressivos neste ano. O pernil com osso liderou os reajustes, com uma alta de 28,62%, seguido pelo filé mignon (24,25%) e pela picanha (20,75%).

Embora a pesquisa tenha focado nos itens típicos da Ceia de Natal, também incluiu alimentos de consumo elevado nesta época. A farofa foi uma exceção entre as altas, registrando queda de 6,5%, segundo o pesquisador Moreira.

Ceia de Natal pode ser a mais cara dos últimos 3 anos

Dezembro, tradicionalmente o mês de maior faturamento dos supermercados, pode ter mudanças no comportamento de consumo neste ano. A previsão é de que a Ceia de Natal registre a maior variação de preços dos últimos três anos.

O aumento, estimado em 5,8%, supera os 4,5% de 2023 e os 2,3% de 2022. Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), fatores como inflação da carne bovina, desvalorização cambial e mudanças climáticas explicam o reajuste.

O economista Felipe Queiroz explica que a alta no preço da carne bovina, essencial na Ceia de Natal, foi impulsionada pelo aumento das exportações. Diferentemente de 2023, quando houve interrupção por um caso atípico de vaca louca no Pará, os embarques seguiram sem restrições este ano.

Além disso, fatores climáticos, como seca e queimadas, também pressionaram os preços. Segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as exportações de carne bovina acumulam 2,95 milhões de toneladas em 2024, um crescimento de 30,84% em relação ao ano passado.

Cortes tradicionais da Ceia de Natal, como pernil com osso e lombo com osso, registraram altas de 17,6% e 16,4%, respectivamente, segundo levantamento da Apas. Frango (8,6%) e peru (9,15%) também apresentaram reajustes significativos.

Por outro lado, o bacalhau, item clássico das festas, teve um aumento mais tímido, de apenas 1,5%. A pesquisa abrange supermercados da capital e do interior paulista, destacando o impacto no orçamento das celebrações natalinas.

Mesmo com alta da Ceia de Natal, expectativa é de continuidade nas vendas

Apesar do aumento nos preços da Ceia de Natal, a expectativa é de um crescimento nas vendas de fim de ano de 4,8% em comparação a dezembro de 2023. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) prevê um aumento ainda maior, de 12%, no consumo geral.

A cesta de Natal, composta por dez itens como aves, azeite, panetone e lombo, registrou um custo de R$ 345,83, um aumento de R$ 24,70 em relação aos R$ 321,13 de 2023. A pesquisa foi realizada na última semana de novembro, com previsão de aumento de 8% nos produtos natalinos.

A recente elevação de 1 ponto percentual na Taxa Selic, anunciada pelo Banco Central, não deverá impactar as compras da Ceia de Natal, segundo o economista Felipe Queiroz. Ele acredita que o aumento terá efeitos mais visíveis ao longo de 2025.

Em 2025, a expectativa é de um cenário com menos crédito disponível, o que deve desestimular o consumo e os investimentos, afetando a economia no próximo ano. Na próxima semana, a Apas e a Abras devem lançar outras pesquisas de cesta de Natal.

YouTube video player
Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.
Sair da versão mobile