BPC pago para pessoas com deficiência cresce e dificulta corte de gastos públicos

De um lado a equipe econômica do governo federal buscando cortar gastos. De outro, a Justiça aprovando os pedidos judiciais de concessão do BPC (Benefício de Prestação Continuada). A liberação por tribunais subiu de 48,4 mil em 2021 para 155,8 mil em 2024.

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BPC pago para pessoas com deficiência cresce e dificulta corte de gastos públicos
(Foto: Jeane de Oliveira/FDR)

O BPC é um auxílio social liberado para pessoas com deficiência, ou idosos com mais de 65 anos, que vivem em condição de baixa renda. É preciso ter rendimento de no máximo 25% do salário mínimo por pessoa, e estar inscrito no Cadastro Único, para conseguir. 

O pedido do benefício é feito ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que agenda uma perícia medicial, ou avaliação social para entender a realidade daquela pessoa. Se aprovado, o cidadão passa a receber um auxílio mensal de 1 salário mínimo. 

O Ministério da Previdência Social tem buscado formas de economizar na liberação deste auxílio, tornando-o mais criterioso e fazendo um pente-fino. No entanto, um dos empecilhos encontrados tem sido a aprovação do pagamento por vias judiciais. 

Cresce a liberação do BPC por pedido judicial 

Segundo um levantamento do Estadão, a concessão do BPC por vias judiciais para pessoas com deficiência cresceu de 21,3% para 30% entre os anos de 2022 a 2024. 

A reportagem apurou que a liberação do benefício por esse método acaba descontrolando os gastos públicos do Ministério da Previdência Social, porque dificulta o planejamento orçamentário da pasta. Considerando que não há como prever quais pedidos serão aprovados.

A liberação por ordem da Justiça acontece quando o pedido é inicialmente negado no INSS, e o solicitante entra com um processo contra o Instituto, solicitando que haja revisão. Se provar que atende aos critérios, a determinação judicial pode obrigar o INSS a liberar o abono. 

O aumento de concessões preocupa porque diferente de outros benefícios do INSS este não foi gerado após várias contribuições previdenciárias. Ou seja, não houve um investimento para receber. Logo, o governo não tem retorno com esse pagamento, só gastos.

Pente-fino na concessão do BPC

Em agosto o INSS deu início ao pente-fino na concessão do BPC. Até o final do ano pelo menos 1 milhão de benefícios devem ser revisados. Havendo erros eles serão bloqueados, e após a correção é que poderão ser recebidos novamente. 

Se o cidadão não conseguir provar que tem direito ao pagamento, ele perde totalmente o acesso ao salário. Vão passar por esse processo:

  • Quem está fora do Cadastro Único;
  • Quem não atualizada o Cadastro Único há mais de 48 meses. 

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com