Fez um PIX errado? Veja como recuperar o valor sem acionar a justiça

O uso do sistema de pagamento instantâneo trouxe uma nova dinâmica aos pagamentos, mas é preciso cuidado redobrado, especialmente para evitar um PIX errado. Como as transações são instantâneas, qualquer erro ao digitar a chave pode fazer o dinheiro cair na conta de outra pessoa. Embora exista um mecanismo de devolução, ele se aplica apenas a casos de fraude, não a erros cometidos pelo usuário.

Fez um PIX errado? Veja como recuperar o valor sem acionar a justiça. Imagem: Jeane de Oliveira/FDR

Por ser tão rápido e prático, o sistema exige atenção máxima. Ao realizar uma transferência, um PIX errado pode ser irreversível, já que o Banco Central não oferece uma ferramenta oficial para estorno nesses casos. A recomendação é tentar contato com o destinatário, mas a devolução depende da boa vontade da pessoa.

Mesmo sem uma regra específica do Banco Central para esses casos, o não retorno do valor pode configurar apropriação indébita, conforme o Código Penal. Por isso, é fundamental revisar todas as informações antes de finalizar a transação.

Como recuperar o PIX errado?

Aqui estão os passos em formato de tópicos para tentar recuperar um valor enviado por meio de um PIX errado:

  1. Entre em contato com a pessoa que recebeu o valor incorretamente e solicite a devolução;

  2. Se a chave usada for um e-mail ou telefone, o contato pode ser mais fácil;

  3. Se não obtiver resposta ou não conseguir localizar a pessoa, dirija-se à sua agência;

  4. A agência pode intermediar o contato com o banco do destinatário para tentar reaver o dinheiro;

  5. Caso o pedido de devolução não seja atendido, você pode fazer um Boletim de Ocorrência;

  6. Acionar a Justiça também é uma opção para resolver a situação.

Recuperação do PIX após um golpe

É possível recorrer a um procedimento oficial em situações de PIX errado. Se um usuário enviou uma transferência e logo depois percebeu que foi vítima de uma fraude, ele pode acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que foi instituído pelo Banco Central.

Contudo, é importante ressaltar que essa ferramenta não garante a devolução do valor. O MED também é aplicável em casos de falhas operacionais, como transações duplicadas, mas não pode ser utilizado quando o erro resulta de desatenção do remetente.

  1. Se desconfiar que foi vítima de fraude depois de fazer um Pix, entre em contato com o seu banco. O MED pode ser acionado até 80 dias depois da operação;

  2. A sua instituição irá entrar em contato com o banco do suposto golpista;

  3. O valor será bloqueado na conta do suposto golpista;

  4. Os bancos têm até sete dias corridos para analisar o caso;

  5. Se o golpe for constatado, o valor será devolvido à vítima em até 96 horas depois da análise;

  6. Se a fraude não for confirmada, o valor é liberado ao recebedor.

Como evitar um PIX errado?

A melhor forma de evitar problemas com um PIX errado é adotar medidas de prevenção. Como os processos de devolução não garantem o retorno do dinheiro, o ideal é realizar as transações com cautela. Confira algumas dicas para evitar erros no PIX errado:

  1. Utilize o QR Code sempre que possível, evitando erros na digitação;

  2. Antes de finalizar, confira cuidadosamente os dados da transação;

  3. Evite realizar PIX a partir de links recebidos; prefira o app ou site oficial do banco;

  4. Certifique-se da confiabilidade da loja ao fazer compras online via PIX.

Como fazer a devolução de um PIX?

Receber um PIX errado pode ser facilmente resolvido para quem está do outro lado. A solução é simples: basta usar o botão “Devolver” disponível na área dedicada ao Pix nos aplicativos bancários.

É fundamental realizar a devolução através dessa funcionalidade específica, evitando enviar outro PIX. Essa precaução ajuda a prevenir golpes, onde a pessoa solicita a devolução para uma chave diferente enquanto tenta abrir um processo de MED alegando que foi vítima de fraude.

PIX ganha novas regras de segurança

As novas regras de segurança do PIX incluem a criação de um sistema de alerta para identificar transações atípicas, reforçando a proteção do usuário. As instituições financeiras terão até seis meses para implementar esse sistema, que será baseado nas diretrizes do manual de requisitos mínimos de experiência do usuário.

Com esse sistema, as instituições poderão detectar atividades suspeitas, cruzando informações como o perfil do cliente e o comportamento de transações. Entre as medidas estão o uso de temporizadores, rejeição de operações com indícios de fraude e bloqueios cautelares das chaves PIX.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.