A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou um projeto de lei que propõe o bloqueio de benefícios de programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, para membros de movimentos sociais envolvidos na ocupação de propriedades privadas. A proposta obteve 38 votos favoráveis, 8 contrários e uma abstenção.
Esta iniciativa é parte de uma ofensiva bolsonarista contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). A bancada ruralista tem pressionado pela rápida análise de medidas do “pacote anti-invasão” para conter as ações do “Abril Vermelho”, e até agora, os sem-terra reportaram a ocupação de pelo menos 24 áreas neste mês.
O projeto de lei que institui o bloqueio de benefícios para membros de movimentos sociais foi inicialmente colocado na pauta da CCJ na semana passada, mas a votação foi adiada. Com a aprovação recente, o texto segue agora para apreciação no plenário.
Proposto pelo deputado Marcos Pollon e relatado por Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente durante o governo Bolsonaro, a discussão na CCJ foi marcada por intensos debates entre a base aliada e a oposição.
Como o bloqueio de benefícios funcionará na prática?
O projeto de lei aprovado estabelece o bloqueio de benefícios para indivíduos condenados por invasão de propriedades ou esbulho possessório, impedindo-os de acessar programas federais. Além disso, a proposta impõe três outras restrições significativas:
Os condenados estarão proibidos de celebrar contratos com qualquer esfera do poder público por oito anos após a condenação. Também será vedada a inscrição em concursos públicos e processos seletivos para cargos e funções públicas durante o mesmo período. Além disso, não poderão ser nomeados para cargos públicos comissionados por oito anos após a condenação.
De acordo com o novo projeto de lei, qualquer condenado que já ocupe um cargo público ou receba benefícios federais será forçado a deixar essas posições e perder os benefícios automaticamente.
Na versão final do projeto, Ricardo Salles adicionou uma nova penalidade para aqueles que “invadirem terrenos ou edifícios públicos ou privados com o intuito de pressionar o governo a adotar determinadas políticas”, incluindo reformas agrárias e demarcações de terras indígenas.
Em resposta ao movimento da extrema-direita, parlamentares do PT apresentaram um projeto que estabelece sanções administrativas e penais para grandes proprietários envolvidos em ocupações ou invasões de áreas públicas, tanto rurais quanto urbanas.
O projeto do PT propõe o bloqueio de benefícios como a concessão de crédito em bancos públicos, subsídios federais e renegociação de dívidas com o governo. Além disso, inclui restrições à nomeação para cargos públicos, aplicáveis também aos casos de grilagem de terras.
Quais pagamentos serão afetados pelo bloqueio de benefícios?
Bolsa Família
Em 2024, o Bolsa Família continua como o principal programa de transferência de renda do governo brasileiro, voltado para famílias em situação de vulnerabilidade. O programa passou por reformulações recentes, ampliando seus benefícios e critérios, como:
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Valor mínimo garantido: Cada família beneficiária recebe no mínimo R$ 600, valor básico que pode ser incrementado dependendo da composição familiar.
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Benefício Primeira Infância: Famílias que possuem crianças de até 6 anos recebem um valor adicional de R$ 150 por criança, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento infantil.
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Benefício Complementar: Famílias com jovens entre 7 e 18 anos ou gestantes recebem um adicional de R$ 50 por integrante.
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Critérios de elegibilidade: O Bolsa Família é destinado a famílias que vivem em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa entre R$ 105 e R$ 218) ou extrema pobreza (com renda por pessoa de até R$ 105). Além da renda, a inclusão no Cadastro Único (CadÚnico) e a atualização regular dos dados são requisitos essenciais.
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Condicionalidades: Para manter o benefício, as famílias devem seguir algumas condicionalidades, como garantir a frequência escolar das crianças, manter o calendário de vacinação em dia e realizar o acompanhamento pré-natal no caso de gestantes.
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Acompanhamento de saúde e educação: Além de condicionar o pagamento à frequência escolar e à saúde, o Bolsa Família também tem como objetivo garantir o acesso a serviços básicos de saúde e educação, incentivando o desenvolvimento das famílias mais vulneráveis.
Minha Casa Minha Vida
Em 2024, o programa Minha Casa Minha Vida foi revitalizado e continua como uma das principais iniciativas do governo para promover o acesso à moradia para famílias de baixa renda. O programa sofreu mudanças significativas para ampliar o número de beneficiários e incentivar a construção de novas unidades habitacionais, como:
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Faixas de renda: O programa está dividido em diferentes faixas de renda para atender famílias de variados níveis econômicos:
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Faixa 1: Famílias com renda de até R$ 2.640. Esse grupo tem acesso a subsídios maiores, com financiamentos que podem cobrir até 90% do valor do imóvel, dependendo da localidade.
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Faixa 2: Famílias com renda entre R$ 2.641 e R$ 4.400. Nesse caso, o subsídio é menor, mas ainda significativo.
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Faixa 3: Famílias com renda entre R$ 4.401 e R$ 8.000. O foco é em condições facilitadas de financiamento com juros reduzidos.
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Financiamento para imóveis novos e usados: O programa oferece subsídios para a compra de imóveis novos e, em menor escala, usados. No entanto, em 2024, o governo está priorizando a construção de novas unidades, com o objetivo de criar mais empregos no setor da construção civil e reduzir o déficit habitacional.
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Incentivo à construção de novas moradias: Em 2024, há um foco maior na construção de moradias em áreas urbanas e periurbanas, com o intuito de combater o déficit habitacional em regiões com maior demanda. Novos empreendimentos são incentivados em cidades de porte médio e grande, oferecendo melhores condições de vida e infraestrutura.