Carteira Verde e Amarela: entenda programa que reduzir os direitos dos trabalhadores para estimular as contratações

Pontos-chave
  • Projeto foi elaborado durante a presidentência de Bolsonaro
  • Iniciativa pode contribuir para aumento nas contrações de jovens
  • Projeto ainda será analizado no Senado.

Inicialmente o governo era contra a chamada Carteira Verde e Amarela. Proposta foi aprovada na Câmara nesta semana por 286 votos favoráveis a 91 contrários. Entenda melhor o que é essa novidade que beneficia idosos e jovens.

Carteira Verde e Amarela: entenda programa que reduzir os direitos dos trabalhadores para estimular as contratações
Carteira Verde e Amarela: entenda programa que reduzir os direitos dos trabalhadores para estimular as contratações(Imagem: FDR)

Na última terça-feira, 21, a Câmara dos Deputados aprovou alguns pontos da Carteira Verde e Amarela. A medida foi proposta durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL) e não era muito aceita pelo governo atual. No entanto, ele acabou cedendo e a medida foi aprovada com 286 votos.

O que é a Carteira Verde e Amarela

A proposta foi criada pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

Durante sua gestão, o governo Bolsonaro tentou aprovar a pauta por diversas vezes, mas, não teve sucesso. Nesse ano o presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu retomar a pauta.

Contração de jovens

  • O projeto possibilita a contratação por tempo determinado para jovens com idade entre 18 e 29 anos sem vínculo de trabalho anterior.
  • Para os jovens é exigido que eles estejam matriculados em curso de educação superior; educação profissional; e tecnológica ou educação de jovens e adultos.
  • Também poderão ser contratados os jovens que já concluíram essas formações.
  • O jovem que não estiver estudando terá o prazo de dois meses para apresentar a matrícula escolar e permanecer no emprego.

Contração de pessoas acima dos 50 anos

  • O texto também possibilita a recolocação profissional de pessoas acima dos 50 anos
  • Desde que estejam sem emprego formal há pelo menos 12 meses.

Carteira Verde e Amarela

  • Essa contratação acontecerá por tempo determinado, no mínimo 6 meses e no máximo 24.
  • Os empregadores ainda terão a possibilidade de prorrogar essa contração por três vezes.
  • Além disso, a carga horária de trabalho será reduzida, no máximo 8 horas diárias e 44 semanais.
  • Outro ponto sobre a Carteira Verde e Amarela é que ela possibilita alíquotas menores de FGTS
    • De 8% para 2% para o microempreendedor individual ou microempresa;
    • 4% para empresas de pequeno porte, entidades sem fins lucrativos, entidades filantrópicas, associações e sindicatos;
    • 6% para as demais empresas
  • Outra mudança é a redução da contribuição previdenciária que passa para 10%.
  • Pelo texto as empresas só poderão ter 10% de funcionários nessa modalidade de contratação.
  • Por exemplo, empresas com até 10 funcionários poderão contratar um nessa modalidade. Já aquelas entre 11 e 20 funcionários poderão ter dois

Em síntese, o projeto deve reduzir os custos com contração para os empresários. Por isso a pauta é tão importante para eles.

Governo é contra a Carteira Verde e Amarela

O texto já havia sido criticado pelo Presidente Lula, que demonstrou ser contra sua aprovação.

Segundo a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), autora do texto que está sendo substituído, essa ação pode contribuir para a geração de emprego de forma efetiva.

“Falar em geração de emprego é muito fácil. Ações concretas que possam viabilizar a empregabilidade de jovens — em um sentido ampliado para pessoas com mais de 50 anos, para uma recolocação profissional — é um passo que tem que ser muito negociado”, afirma ela.

Para alguns a proposta é indecente e deve incentivar o primeiro emprego. já para a base aliada do Governo Federal essas mudanças podem colocar em risco os direitos trabalhistas garantidos pela CLT, principalmente os previdenciários já que a arrecadação da Previdência Social deve ser reduzida.

“Na prática, o projeto ressuscita uma tentativa de precarização ainda maior das relações de trabalho, atacando os direitos dos trabalhadores, que foi proposta durante o governo anterior na forma de Carteira Verde e Amarela”, afirmou o líder do Psol, deputado Guilherme Boulos (Psol-SP),

A pauta segue para o Senado e existe a expectativa de que, caso seja aprovada pelos senadores, seja vetada pelo presidente Lula.

Segundo os governistas o veto pode acontecer porque a proposta não apresenta contrapartidas para compensar a perda de arrecadação da redução da contribuição previdenciária.