Como assim? Governo quer que trabalhadores DESISTAM do saque-aniversário do FGTS

Desde que o Ministério do Trabalho foi reformulado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o interesse pela descontinuidade do saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) foi levantado. A atual equipe nunca escondeu que não concorda com a modalidade criada em 2019.

Como assim? Governo quer que trabalhadores DESISTAM do saque-aniversário do FGTS
Como assim? Governo quer que trabalhadores DESISTAM do saque-aniversário do FGTS (Imagem: FDR)

O saque-aniversário do FGTS foi criado no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), em 2019. Naquela época o governo federal buscava estímulos para que a economia nacional fosse movimentada. Foi então que surgiu a ideia de permitir que parte do valor total do Fundo de Garantia – e 5% a 50% – fosse recebida uma vez ao ano pelo cidadão, sempre no mês do seu aniversário.

No ano seguinte foi autorizada a antecipação de parcelas do saque-aniversário, tudo por meio de um empréstimo financeiro. Ao contratar o adiantamento no banco o trabalhador recebe de uma única vez o valor que teria direito de sacar em 3 ou 7 anos, só que com a redução dos juros. Quando a parcela anual for paga, o banco recebe no lugar do cidadão como forma de pagamento da antecipação.

Para o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o saque-aniversário do FGTS tira a real função da criação deste conta. Isso porque, permite que todos os anos o trabalhador vá diminuindo o valor total do Fundo de Garantia. Além disso, ao optar por essa versão é preciso abrir mão do saque-rescisão, ou seja, não se recebe tudo o que foi somado na conta na demissão sem justa causa.

Governo quer diminuir opção pelo saque-aniversário do FGTS

Quem opta pelo saque-aniversário do FGTS e recebe a notícia de que será desligado da empresa sem justa causa, não pode fazer a rescisão. Fica garantido o pagamento da multa de 40% sobre o saldo, e caso o trabalhador se arrependa dessa troca é possível voltar a modalidade original, mas aguardando a carência de 24 meses.

É uma sacanagem. O cara é demitido e não pode sacar o saldo do FGTS. Vamos mandar um projeto de lei corrigindo essa distorção. O fundo é de quem? Não é do trabalhador? Deve ser usado como socorro em caso de desemprego”, afirmou Luiz Marinho ao Estadão.

Uma minuta elaborada pelo Ministério do Trabalho acessada e divulgada pelo Estadão prevê que, em caso de demissão, o trabalhador possa escolher sacar o valor que tem depositado no fundo. No entanto, terá que abrir mão de receber o saque-aniversário, e mesmo no próximo contrato de emprego será obrigado a continuar no saque-rescisão.

Dessa maneira, ao invés de colocar fim ao saque-aniversário do FGTS, o que o governo federal fará é desestimular os trabalhadores a continuarem nesta modalidade. 

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com
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