- Saiba as razões para o sonho da casa própria ter ficado mais distante
- Saiba se vale a pena comprar agora
O sonho da casa própria é comum para uma grande parcela de brasileiros. No entanto, realizar este sonho ficou mais difícil nos últimos dois anos. Esta maior dificuldade foi causada por alguns fatores. Saiba os detalhes.
As maiores dificuldades para a compra da casa própria estão sendo o aumento generalizado de preços e os altos juros que sobem o valor das parcelas, o que prejudica o acesso ao financiamento imobiliário.
Sonho da casa própria mais distante
Se junta aos motivos citados acima, a queda no estoque da poupança, que é a fonte de recursos principal para o crédito imobiliário e um endividamento elevado das famílias brasileiras.
Apesar das taxas de crédito imobiliário terem crescido de forma mais amena que a Selic, que é a taxa de juros de referência, elas já atingiram uma média de dois dígitos desde o último mês de fevereiro, segundo informações da fintech Melhortaxa. No mês passado, a taxa de financiamento bateu 10,07% ao ano, em média.
Entre as regras para liberação do crédito imobiliário está uma que determina que as parcelas não podem ter um valor superior a 30% da renda bruta familiar. Desta forma, se os juros crescem, o valor das parcelas encarasse e ultrapassam o limite de endividamento liberado, o que impede os contratos de serem firmados.
Uma família precisava, em 2021, de uma renda de R$20.960 por mês para poder financiar uma casa de R$750 mil. Naquele ano, a Selic estava em 6,25% ao ano.
Já neste ano, com a Selic em 13,75% ao ano, é necessária uma renda familiar de ao menos R$22,5 mil para conseguir financiar um imóvel com o mesmo valor.
Este exemplo foi realizado pela fintech Melhortaxa que considerou, nos dois cenários, um pagamento em 360 parcelas (30 anos) e uma entrada de 20% do valor total. Esta simulação também considerou outras duas faixas de preços de imóveis, sendo a mais barata no valor de R$ 500 mil, com as primeiras parcelas partindo de R$ 4.507,05.
“A instituição financeira irá avaliar se a pessoa é capaz de arcar com as prestações, sem atrasos. Isso é importante para liberação de crédito”, disse ao Valor Investe Julien Desvergnes, cofundador da Melhortaxa.
Dificuldades não param por aí
De acordo com agentes do mercado, os bancos estão bem mais rígidos para conceder empréstimos para casa própria. Entre as razões para esta rigidez está o nível alarmante de endividamento das famílias, que fica ainda pior quando os juros sobem e os resgates recordes da caderneta de poupança.
Diante do alto endividamento, os bancos passam a ter uma maior percepção de risco, fazendo com que eles fiquem mais rígidos na análise de crédito. Esta é uma maneira de reduzir o risco de inadimplência.
Já a respeito dos resgates da poupança, este é um ponto ainda mais relevante, uma vez que os recursos utilizados para financiar os imóveis são oriundos da poupança. Quanto menor for o montante disponível na poupança, menos dinheiro será emprestado para compra da casa própria.
Diante deste estoque de recursos cada vez mais baixo, os bancos estão selecionando com uma cautela maior para quem liberará o financiamento. “Um dos maiores desafios atualmente é que um cliente que tinha um perfil que era aprovado facilmente agora tem dificuldade. Há um ano, quem tinha crédito, hoje no atual cenário não tem”, disse ao Valor Investe Peixoto Accyoli, presidente da corretora RE/MAX Brasil.
Vale a pena comprar uma casa agora?
Em um cenário de juros e preços em alta, a dica é esperar um pouco e realizar este sonho mais pra frente. Quem precisa de um financiamento, mas que não tem pressa de adquirir seu imóvel, está preferindo esperar um momento mais propício.