A notícia de que a desigualdade de renda entre os ricos e os pobres caiu em 2022, poderia ser uma excelente notícia. Isso porque, uma das explicações para esse fato, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi o Auxílio Brasil de R$ 600. No entanto, especialistas alertam sobre o impacto que o volume de investimentos no Bolsa Família pode trazer.
Os dados sobre desigualdade de renda foram divulgados pelo IBGE na última quinta-feira (11). A “régua” usada para medir a diferença de renda entre os dois públicos é chamada de Gini, e usa como critério a renda familiar dessas pessoas. Sendo que ao alcançar 0 mostra que a igualdade é máxima, e ao chegar no 1 traz desigualdade máxima, ponto que o Bolsa Família tenta reverter.
Quando relançou o programa em março desse ano, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou o interesse em diminuir o grau de pobreza do país. Tanto que manteve o valor de R$ 600 pago pelo programa, uma medida que começou com o Auxílio Brasil e que duraria de agosto a dezembro do último ano. Por lei, o auxílio era de R$ 400, mas subiu R$ 200 próximo ao período eleitoral.
Hoje, o Bolsa Família está atendendo 21 milhões de famílias que vivem em vulnerabilidade social, cuja renda não ultrapassa R$ 218 por pessoa. São grupos que vieram da transição do Auxílio Brasil, e outros que estão sendo inclusos conforme há disponibilidade de orçamento. Essas pessoas recebem mínimo de R$ 600, mais bônus que podem ultrapassar R$ 200 no mês.
Bolsa Família não contribuí para desigualdade social?
Para especialistas, como Fernando Cazian que escreve para Folha de S.Paulo, é preciso expandir o olhar sobre o fato do Bolsa Família refletir na desigualdade social do país. Para ele, as pessoas estão cada vez mais dependentes de programas sociais, enquanto a economia do país não melhora e não há geração de empregos com qualidade.
Não à toa, a queda da desigualdade foi maior nos estados nordestinos, justamente onde o Bolsa Família tem mais força, e assim aconteceu também com o Auxílio Brasil em 2022. Os dados do IBGE mostram que no geral, o rendimento domiciliar per capita da metade da população mais pobre subiu 18% no ano passado, para R$ 537 ao mês.
Para Cazian, “sem crescimento alavancado por reformas pró mercado, usar dinheiro público para combater as mazelas sociais funciona por um tempo, mas não se sustenta“. Ele deu como exemplo a Argentina, que vive em crise, mas faz vasto investimento em benefícios sociais.