Unificação do Meu INSS gera entrave para famílias carentes acessarem o BPC

A unificação dos serviços da Previdência Social na plataforma Meu INSS foi estabelecida com o propósito de facilitar os acessos. Contudo, a tecnologia não faz parte da realidade de milhares de famílias carentes que têm dificuldades na tentativa de solicitar benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). 

Unificação do Meu INSS gera entrave para famílias carentes acessarem o BPC
Unificação do Meu INSS gera entrave para famílias carentes acessarem o BPC. (Imagem: FDR)

O caso chegou a um escritório de advocacia em Recife, que contou sobre as dificuldades de algumas famílias carentes em obter informações sobre o funcionamento e valores do BPC.

Elas então, são informadas via atendimento privado que, a fase administrativa do recurso consiste no preenchimento de formulários e disponibilização de documentos pelo Meu INSSAlguns escritórios oferecem este apoio ao segurado que não tem acesso ao INSS, mas como tudo na vida é de graça. Este auxílio tem um custo inicial de R$ 4 mil.

Na circunstância de o requerimento do BPC ser indeferido e demandar um recurso judicial, o cliente deve desembolsar mais 30% do valor. Ao final, o processo que pode levar até dez meses para ser concluído, poderia gerar ao idosos, um gasto de quase R$ 8 mil. 

Os valores são justificados com base na tabela da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O pagamento normalmente é feito via transferência bancária ou em espécie diretamente no escritório de advocacia.

Se algumas famílias carentes não conseguirem pagar o valor total de imediato, é feito um contrato de honorários discriminando detalhes como prazos, parcelas e a forma de pagamento. 

Procurada, a OAB confirmou que possui uma tabela de honorários específica para pautas previdenciárias, e que “estabelece valores mínimos a serem cobrados, podendo o advogado cobrar acima deles”, declarou. 

Na oportunidade, a ordem também alerta sobre a necessidade de equidade e moderação na cobrança dos valores para aquisição do BPC. Lembrando que o público-alvo deste benefício se trata de idosos em situação de vulnerabilidade social criando expectativas em torno do recebimento deste recurso que se tornará sua principal e única fonte de renda. 

Meu INSS é uma realidade distante para beneficiários do BPC

O Benefício de Prestação Continuada é direcionado a idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência (PCD), ambas de baixa renda que não tenham meios de subsistência. No entanto, para receber o recurso é preciso acessar o Meu INSS, onde deverá ser feito todo o processo de requerimento do benefício previdenciário. 

No entanto, a maior parte do público elegível ao BPC tem dificuldade de acessar o Meu INSS, ou simplesmente não possui acesso à internet ou a um aparelho celular com reconhecimento digital, por exemplo. Estes são alguns dos requisitos necessários para dar entrada no benefício. 

O requerimento do benefício é um procedimento administrativo, que não demanda conhecimentos jurídicos. O mais comum é que esse serviço jurídico seja contratado em caso de indeferimento da solicitação, o que torna necessário entrar com recurso judicial. 

No entanto, as dificuldades de acesso ao Meu INSS têm levado idosos a pagarem pelo processo administrativo e ainda pelo recurso judicial, serviços cujos valores podem ser considerados elevados para um idoso, que procura o benefício exatamente por viver em condição de vulnerabilidade socioeconômica.

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Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.