Reforma trabalhista afetará o bolso da população; veja o que muda

Pontos-chave
  • A reforma trabalhista foi aprovada em 2017;
  • Deputados querem discutir as medidas propostas por essa reforma;
  • Governo Lula deve alterar algumas regras, mas sem revogar o texto original.

No dia 11 de abril, a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados promoveu audiência pública para discutir os impactos da terceirização no mercado de trabalho, em especial após a Lei da Terceirização e a reforma trabalhista. As duas mudanças foram aprovadas no ano de 2017, e desde então têm mudado a forma como a população e as empresas lidam com suas relações de trabalho.

Reforma trabalhista afetará o bolso da população; veja o que muda
Reforma trabalhista afetará o bolso da população; veja o que muda (Imagem: FDR)

Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), responsável por propor o debate, tanto a reforma trabalhista como a terceirização dos serviços são formas que as empresas usaram para precarizar as relações de trabalho. Isso porque, esses empregadores acabam eximindo as suas responsabilidades, inclusive com o pagamento de encargos, que teriam ao formalizar os funcionários.

Embora o novo governo sob comando de Luiz Inácio Lula da Silva tenha a intenção de atualizar a reforma trabalhista, a ideia apresentada não é a de revogar o texto existente. Assim, a expectativa é de que ajustes e algumas novidades sejam apresentadas pelo novo Executivo, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, muito em breve.

Nessa quarta-feira (12), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, marcou uma audiência na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados a fim de apresentar suas ideias para esse ano. Marinho já se pronunciou sobre diversos assuntos “polêmicos”, como a regularização do trabalho do motorista por aplicativo, e o fim do saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Lei da terceirização incomoda deputados

O deputado Bohn Gass (PT-RS) diz que as afirmações das empresas em relação aos custos que a contratação de novos empregos traz não é uma justificativa aceitável. E que a lei da terceirização, aprovada em 2017 junto com a reforma trabalhista, acaba tirando muitas das responsabilidades dessas empresas.

Se há recursos para contratação de empresa terceirizada e se a presunção é de que essa empresa terceirizada irá cumprir toda a legislação trabalhista e de proteção social do trabalho, qual a matemática aplicada que justifica essa economia da cadeia produtiva?”, indaga o parlamentar.

Para Gass, o que as empresas que prestam serviços terceiros fazem é submeter a classe trabalhadora a situação de vulnerabilidade. O que significa “baixos salários, precárias condições laborais (maiores índices de acidente de trabalho e aquisição de doenças ocupacionais), incidência de trabalho análogo a escravo e inadimplência com as obrigações trabalhistas”, comentou o deputado.

Mudanças na reforma trabalhista

Até o momento, o governo Lula não fez nenhuma proposta direta para mudar a reforma trabalhista que foi aprovada em 2017. Naquela época o texto criado previu acompanhar a evolução do novo mercado de trabalho e suas alterações. Embora o atual governo não tenha dito nada sobre revogar a proposta atual, devem haver novas propostas a serem discutidas.

Todas essas propostas primeiro devem passar pelo Congresso Nacional, com deputados e senadores, para apenas depois serem sancionadas pelo presidente Lula e começarem a valer.

Segundo apuração feita com representantes dos trabalhadores, e personalidades próximas ao governo atual, as mudanças na reforma trabalhista serão as listadas abaixo.

Trabalho aos domingos

A sugestão é fazer com que as empresas e empregadores não precisem negociar a autorização do trabalho aos domingos com os seus funcionários, como acontece atualmente. Hoje, não existe nenhuma proibição em relação ao trabalho nos domingos e feriados, apenas regras específicas.

Por isso, enquanto algumas categorias de trabalho precisam definir essas regras, outras não passam pelo mesmo processo.

Distrato de trabalho

A reforma trabalhista passou a permitir que os funcionários contratados por meio CLT (Consolidação de Leis Trabalhistas), pudessem ser demitidos por meio de distrato. Ou seja, o fim do vínculo empregatício em um acordo comum entre o empregador e o empregado.

Acontece que nesse processo, como não há relação com a Justiça do Trabalho, as empresas não precisam lidar com nenhum pagamento. Esse acordo deve ser revisto.

Lei do estagiário

Muito discutida, a lei do estagiário aprovada na reforma trabalhista pode mudar. Dentre as mudanças está a possibilidade de prorrogação do prazo de cumprimento de estágio em até 6 meses após a conclusão do curso.

Para isso, o aluno apenas precisaria iniciar o estágio enquanto ainda estivesse com matrícula ativa na instituição de ensino superior. Outra ideia é ampliar de 2 para 3 anos o tempo que um funcionário pode permanecer no cargo de estagiário. 

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com