Deputado cria projeto que pode mudar o rotativo do cartão de crédito

No Congresso, vem ganhando força um projeto de lei que possui potencial para acabar com uma parcela significativa do lucro obtido pelos bancos. A idéia é promover mudanças no rotativo do cartão de crédito. O baque mais forte seria sentido por duas fintechs muito conhecidas.

Em termos relativos, as fintechs Inter e Nubank são as que mais vão perceber esta perda nos lucros. 

O Projeto de Lei 2685/2022, de autoria do deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, tem o objetivo de criar um teto para os juros cobrados pelos bancos no crédito rotativo do cartão. De acordo com o projeto, o teto máximo seria de 8% ao mês, o que causaria uma perda significativa em comparação aos juros praticados pelos bancos atualmente.

Atualmente, o juros do rotativo do cartão de crédito está em 14% em média. 

Este projeto foi apresentado no fim do ano passado e se encontra na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Como o PL foi apresentado em caráter terminativo, ele não precisa passar pelo plenário. Casos seja aceito em duas comissões – a CFT e a Comissão de Constituição e Justiça – ele vai direto para o Senado.   

No sellside, analistas já estão projetando o tamanho do estrago. O Santander projetou, através de um relatório divulgado ontem, 8, um impacto de US$ 144 milhões no lucro do Nubank em 2023, uma vez que os cartões de crédito respondem por 82% da carteira total da fintech, e o crédito rotativo representa 7% dessa porcentagem.

De acordo com o analista Henrique Navarro, a inserção do crédito rotativo nos empréstimos dos cartões de crédito “deve aumentar ao longo de 2023, impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito e por um cenário macroeconômico mais desafiador”, disse ele ao Brazil Journal.

Na visão do Santander, o rotativo deve representar 16,3% da carteira de cartão de crédito do Nubank neste ano, o que causaria um impacto de US$ 144 milhões no lucro de 2023, ou 38% do total.

“O governo teria que considerar o efeito que isto vai ter no consumo. Boa parte dos clientes novos de cartões, de baixa renda, não vão ganhar mais cartão ou vão ter os limites reduzidos. Então quem vai sofrer é o bom pagador”, disse um analista do setor ao Brazil Journal.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.