Gol e Azul estão ‘coçando a cabeça’ por conta deste mesmo motivo

No último ano, as pessoas voltaram a viajar com muito mais frequência após o período de isolamento do coronavírus. Segundo dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), a demanda no mundo por voos domésticos e internacionais aumentou 64,4% no período ante 2021. A oferta também aumentou 39,8% no mesmo período. Apesar disso, a Gol e a Azul, duas importantes companhias aéreas, não estão tendo um bom desempenho na bolsa. Entenda.

No mês de fevereiro as companhias aéreas Azul e Gol ficaram entre as empresas do Ibovespa que mais perderam valor. A Azul caiu 39,83% no período e bateu sua menor cotação desde 2017, quando a companhia lançou suas ações na Bolsa. Já a Gol, teve uma baixa acumulada de 27,81% no mês.

“Apesar da recuperação da demanda, dólar e combustível em patamares elevados devem continuar pressionando os resultados das empresas, e, principalmente, dificultar seus pagamentos de leasings”, disseram os analistas Ygor Araujo e Bernardo Noel, da Genial Investimentos, em relatório sobre as empresas, segundo InfoMoney.

O mercado vem questionando a competência das áreas em dar conta das dívidas, o que está afastando os investidores. Foi observado pelo Bank Of America que a Gol e a Azul possuem pouca exposição à dívida atrelada a taxa Selic, que está em 13,75% neste momento. Mas descrença ganhou mais força depois do caso da Americanas ser revelado, com a percepção de que, em geral, as empresas terão mais dificuldade para se financiar.

“Toda companhia que vai ao mercado tomar crédito hoje tem dificuldade de negociação e os custos estão maiores”, disse Hallgren, do BB Investimentos ao InfoMoney.

A Americanas foi citada pela Fitch ao rebaixar o rating da Azul para CCC, última posição antes do D, considerado calote. De acordo com a agência, ela vê grandes riscos de financiamento para a companhia aérea, em meio as restrições mais evidentes no mercado de crédito local, após o rombo da Americanas. Destas forma, são vistas pressões no fluxo de caixa operacional da Azul e deterioração de sua liquidez.

A Gol possui uma dívida estimada em R$ 26 bilhões. A obrigações da empresa para 2023 totalizam cerca de R$ 750 milhões, sendo que 50% deste montante será pago em cada semestre do ano.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.