Em apoio as críticas feitas ao Banco Central pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em decorrência da política monetária contracionista, economistas que representam o pensamento econômico desenvolvimentista lideram e assinam o manifesto “Taxa de Juros para a Estabilidade Duradoura: manifesto de economistas em favor do desenvolvimento do Brasil”.
O manifesto, encabeçado por economistas como Luiz Carlos Bresser-Pereira, Monica de Bolle, Luciano Coutinho, Luiz Gonzaga Belluzzo e Antonio Corrêa de Lacerda, já contava com mais de 2.400 assinaturas até ontem, 13.
As críticas feitas por Lula sobre a política monetária adotada pelo BC se fortaleceram na semana passada, durante a posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), evento realizado na véspera da divulgação da ata do Copom pelo BC.
Tendo como base somente o conteúdo do comunicado que se seguiu ao término do Copom na quarta, 2, Lula bradou que a explicação que justifica manter a taxa Selic em 13,75% ao ano “é uma vergonha”. Desde essa fala, teve início um debate forte entre quem defende a fala do presidente contra quem é favorável a política monetária.
Na mídia, este debate ganhou diversas direções. Na visão de alguns especialistas, este debate promovido pelo presidente Lula é válido, mas que o o timing não seria o mais certo e que antes seria necessário determinar diversas regras fiscais, como vem sendo prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Já outros afirmam que Lula está certo, que a taxa nominal de juros está fora do lugar, e uma outra parcela se mostrou contra as falas do mandatário, dizendo que o embate é contraproducente e que, no fim das contas, seria ruim para o próprio governo.
Por conta deste debate, economistas que seguem o pensamento econômico desenvolvimentista criaram o manifesto abaixo. Confira um trecho:
“TAXA DE JUROS PARA A ESTABILIDADE DURADOURA: MANIFESTO DE ECONOMISTAS EM FAVOR DO DESENVOLVIMENTO DO BRASIL
A eleição de outubro renovou as esperanças de que o Brasil possa reencontrar os caminhos para a estabilidade política e um lugar respeitável no mundo. O Brasil precisa de paz e de perspectivas. O mundo precisa da estabilidade do Brasil. O presidente Lula tem sabido enfrentar, desde 30 de outubro, alguns dos desafios mais sérios, a começar pela trama da contestação dos resultados das urnas e as arruaças promovidas pelos maus perdedores, bem como soube construir um orçamento viável para as emergências amplamente reconhecidas.
O governo de amplo espectro mostra o compromisso com a inclusão e a governabilidade. Mas é preciso mais. A superação dos desafios brasileiros só pode ser alcançada com uma nova política econômica, promotora de crescimento e prosperidade compartilhada. A razoabilidade da taxa de juros é uma condição indispensável para a normalidade econômica. Sem isso, os investimentos perderão para as aplicações financeiras e as remunerações do trabalho e da produção vão perder para a especulação. A taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis.