Netflix: Série sobre a boate Kiss deixa familiares das vítimas revoltados por conta deste motivo

A tragédia da Boate Kiss completou 10 anos em 2022 e ainda choca o Brasil todo. Com isso, a Netflix lançou uma minissérie chamada de Todo Dia a Mesma Noite, porém nem todos gostaram na iniciativa.

A série que foi baseada no livro escrito pela jornalista Daniela Arbex, Todo Dia a Mesma Noite: A História não Contada da Boate Kiss (2018) estreou na semana passada, três dias antes da tragédia completar 10 anos.

Diante de toda repercussão do lançamento da maior plataforma de streaming do mundo, cerca de 40 famílias de vítimas e moradores de Santa Maria (RS), cidade onde a tragédia aconteceu,  ingressaram com uma ação judicial contra a Netflix em decorrência da produção que mistura realidade e ficção e que aborda detalhes do incêndio que matou 242 jovens.

O empresário Eriton Luiz Tonetto Lopes, que coordena o grupo e que perdeu a filha Évelin Costa Lopes de 19 anos na tragédia, afirmou ao Portal Gaúchazh que o sentimento é de indignação e injustiça e disse ainda que a plataforma de videos não recebeu autorização dessas 40 famílias para dramatizar o caso.

“Nós fomos pegos de surpresa, ninguém nos avisou, ninguém nos pediu permissão. Nós queremos saber quem está lucrando com isso. Não admitimos que ninguém ganhe dinheiro em cima da nossa dor e das mortes dos nossos filhos”, disse ele ao portal.

“Queremos entender quem autorizou, quem foi avisado, porque muitos de nós não fomos. Há pais passando mal por causa da série. O mínimo que exigimos agora é que uma parte do lucro seja repassada para tratamento de sobreviventes e para a construção do memorial da Kiss. Nós não queremos nenhum dinheiro para nós”, seguiu.

Juliane Muller Korb, uma advogada da cidade de Santa Maria foi contratada pelo grupo  para dar orientação jurídica  e também para conduzir o caso contra a Netflix e questionar a destinação dos lucros obtidos com a  minissérie.

A advogada disse ao portal Gaúchazh que o ponto principal da ação é abordar a responsabilidade afetiva e social dos streamings. “Todas as famílias sentem a mesma dor, mas de forma distinta, inclusive em relação a esta série. Todas têm mágoa com o poder judiciário e com a impunidade até aqui. A grande questão é que faltou sensibilidade, por parte da Netflix, de fazer um contato com os pais. Não para pedir permissão nem coibir a licença poética, pois a história não tem dono, mas para avisar que seria algo totalmente diferente de tudo que eles já viram”, disse ela.

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.