A última segunda-feira (30) registrou um aumento repentino no valor das ações da Americanas (AMER3). Assim, os papéis da empresa dispararam mais de 20%, mais do que dobrando de valor na soma dos últimos seis pregões, ou em relação ao fechamento do dia 20 de janeiro, de R$ 0,71 (sessão de despedida da AMER3 do Ibovespa).
Os ativos da Americanas fecharam o pregão a R$ 1,45; contudo, em relação ao valor de R$ 12 do fechamento da ação antes do anúncio das inconsistências contábeis, a queda acumulada é de 88%. Na máxima desta segunda, os papéis chegaram a R$ 1,64, ou um avanço de 36,67%, o que indica volatilidade entre os ativos.
Assim, o noticiário para a companhia segue movimentado, mas sem mostrar uma mudança de rumo nas negociações com os bancos credores. Vale lembrar que a empresa segue em processo de recuperação judicial.
Na última quinta-feira (26), a Americanas prestou esclarecimento para a Bolsa de Valores e para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as fortes oscilações no valor de seus papéis nos últimos pregões. Questionada, a diretoria da companhia disse que suas ações vêm sendo alvo de especulações e rumores, apontando não ter controle sobre esse processo.
Especialistas pedem cautela sobre ações da Americanas
A oscilação das ações nesses últimos dias não é exatamente uma surpresa, pois analistas destacam que os ativos das companhias em recuperação judicial costumam ter reações extremas na Bolsa, exigindo bastante cautela.
“Esperamos que as ações continuem sofrendo com alta volatilidade, já que as medidas de uma RJ normalmente acabam diluindo os acionistas. Além disso, ressaltamos que o processo de uma RJ é demorado, levando no mínimo 2 anos, porém, muitas vezes excede esse prazo, como foi no caso da Oi (OIBR3), em que o processo durou mais de 6 anos”, destacou a Levante Investimentos.
“Dentro do processo, os advogados acabam conseguindo dilatar bastante os prazos, e as Assembleias são marcadas e remarcadas estrategicamente por várias vezes, como forma de manobra para arrastar esse prazo”, complementou.
“As ações tendem a sofrer durante processos de recuperação judicial, uma vez que as medidas são focadas nos credores e são geralmente diluídas nos acionistas”, escreveram em análise recente os analistas Daniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, da XP.
As notícias mais recentes sobre a crise da Americanas apontam que a companhia entrou com recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) contra a liminar concedida ao Bradesco que solicitava a busca e apreensão de e-mails de executivos da companhia nos últimos dez anos, a fim de provar que houve fraude.
No pedido de suspensão da liminar, a Americanas argumenta que as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões já estão sendo investigadas pela CVM, junto à Polícia Federal e ao Ministério Público e por um comitê independente dentro da varejista.