Mais um grupo de investimentos começa a ser afetado pelo rombo da Americanas

As inconsistências contáveis reveladas pela Americanas e que levaram a varejista a entrar com pedido de recuperação judicial na semana passada, já começa a se refletir no segmento de fundos de recebíveis, os FIDCs (fundos de investimento em direitos creditórios).

Segundo um levantamento realizado pela plataforma Uqbar, existem ao menos quatro FIDCs ligados diretamente à Americanas no mercado nacional. Em alguns deles,  a varejista é devedora dos créditos. Já em outros, cedente. 

Este é o caso do FIDC Fênix II. O fundo adquire direitos de crédito originados das vendas realizadas pela Americanas com cartões de crédito. A empresa é a cedente, ao passo que o devedor é a Cielo (CIEL3), credenciadora de arranjos de pagamentos.

O FIDC era, na prática, como uma fonte de liquidez para a varejista, antecipando a ela os valores das compras parceladas efetuadas na loja e pagas através das maquininhas da Cielo. Quando os clientes quitavam as parcelas de suas compras, a Cielo fazia o repasse de valores para o FIDC, no lugar de repassá-los à empresa.

Desta forma, o fundo ficava exposto ao risco da Cielo, e não diretamente ao risco da varejista.

Isto tudo ficou no passado pois, aptos a divulgação das inconsistências contábeis, uma assembleia de cotistas decidiu liquidar o Fênix II na última quarta, 18, antes mesmo da oficialização  da recuperação judicial.

A convocação da assembléia foi feita depois de a Moody’s, agência encarregada da aferição da classificação de risco de crédito do FIDC, rebaixar o rating das cotas seniores do Fênix II em dois níveis, de AAA.br para AA.br. Os cotistas do FIDC eram, de forma geral, fundos geridos pela Itaú Unibanco Asset.

“Os cotistas indicaram que o downgrade de dois níveis da classificação de risco das cotas seniores, somado aos recentes fatos amplamente divulgados pela imprensa, relacionados às inconsistências contábeis nas demonstrações financeiras da cedente/originadora e os desdobramentos desse fato, resultaram na decisão (de liquidar o fundo)”, apontou a ata da assembleia de acordo com o InfoMoney.

Através de nota ao InfoMoney, a Cielo disse que o risco para o FIDC está ligado a possíveis não pagamentos pelos clientes da varejista. “Situações assim são mais comuns quando os produtos adquiridos pelos consumidores não são entregues. A Cielo, como agente de pagamento do fundo e cumpridora de suas obrigações, repassará aos seus respectivos titulares os valores que vier a receber”.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.