Atos no DF não derrubararam o mercado: Estrangeiros estão muito mais preocupados com este aspecto

Os atos antidemocráticos que aconteceram no último domingo, 8, em Brasília, não foram bem vistos pelos investidores estrangeiros e serviram para aumentar o clima de incerteza que recai sobre o Brasil por conta da instabilidade política. Porém, a questão fiscal ainda é o ponto que mais preocupa, de acordo com analistas procurados pelo Invest News.

Os atos terroristas do final de semana, na visão dos especialistas, podem causar uma saída de capital estrangeiro do Brasil no curto prazo, no entanto, os investidores de fora estão mais receosos com as medidas de longo prazo, como as políticas fiscais que serão colocadas em prática no novo governo Lula.

“No curto prazo, eventos como esses que vimos no final de semana naturalmente desagradam o investidor estrangeiro, que tende a retirar capital de um país com esse nível de instabilidade política, o que representa um aumento no risco de seus investimentos. No longo prazo, o foco do estrangeiro vai estar nas políticas fiscais do novo governo, se a administração do país vai trabalhar com responsabilidade econômica se preocupando com teto de gastos”, disseram eles ao InvestNews.

Na visão do sócio e head de análise da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, os acontecimentos em Brasília, que chamaram a atenção dos investidores pelo mundo, pode causar uma volatilidade forte.

“A perspectiva do investidor estrangeiro para o Brasil não muda com o fato de ontem. Esse é o risco Brasil. A gente tem ativos descontados, às vezes, pela ingerência política, pela falta de credibilidade em instituições. Acho que o gringo vai ficar muito mais atento como serão as medidas de fato implementadas, se vamos rever a questão tributária, a questão previdenciária, se vamos incentivar os gatos públicos além do teto de maneira irresponsável”, disse ele ao InvestNews.

O estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, por sua vez, disse ao podcast Morning Call que os atos trouxeram mais um vetor negativo para o Brasil, com clima de insegurança e agitação.

“O investidor estrangeiro, que no ano passado colocou mais de R$ 100 bilhões em ações brasileiras, será que vai continuar alocando recursos aqui no Brasil? Essa insegurança jurídica e conflito entre população e os Poderes poderia ser uma justificativa para esse investidor sair daqui, se levarmos em consideração que o investidor local já não está muito otimista com Brasil, perder o estrangeiro acaba sendo um vetor negativo”, disse ele.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.