Investidores podem investir em fundos que compram heranças em disputa judicial. Saiba se vale a pena

Nos últimos anos, os herdeiros de grandes fortunas que batalham na Justiça para receber os valores que consideram devidos, conseguiram encontrar uma maneira para resolver este problema no mercado financeiro.

Através de uma modalidade que ainda é uma novidade no país, os fundos de investimentos que compram disputas judiciais que envolvem litígios entre herdeiros pelos bens deixados pelo patriarca ou pela matriarca da família estão pouco a pouco ganhando espaço no Brasil.

Geralmente, estes fundos efetuam uma oferta para os herdeiros para adquirir o direito de receber o valor previsto alguns anos à frente, através de um desconto relativo ao valor total em decorrência do risco de o pagamento da herança atrasar ou, possivelmente, até não acontecer, dependendo da estrada percorrida no meio jurídico.

De acordo com guilherme Ferreira, sócio responsável pelas áreas de originação e estruturação da gestora especializada em ativos estressados Jive Investments, o desconto que é dado varia para cada caso, dependendo do grau de complexidade envolvido na situação.

Guilherme diz que fora a análise de pontos como o prazo de recebimento efetivo do dinheiro envolvido na briga, a chance da causa ser ganha e do valor do direto em debate, é preciso em diversos casos fazer ainda um trabalho de investigação de bens que não estão listados dentro do inventário, como dinheiro em espécie, joias, obras de arte ou patrimônio mantido no exterior.

“Muitas vezes o herdeiro que nos procura que entende que está sendo prejudicado nos traz informações para rastrearmos o dinheiro”, disse Ferreira à Folha.

De acordo com ele, este tipo de investimento deve ser considerado se o valor da causa for a partir de R$50 milhões, por conta do trabalho de análise que é necessário para ingressar em um processo do tipo. “Em casos envolvendo processos judiciais, o tempo é um elemento bastante imprevisível”, disse ele à Folha.

Como estes casos envolvem ações judiciais que correm sob sigilo em varas familiares, não é possível revelar em quais casos a gestora investiu, afirmou Ferreira. “As pessoas não querem lavar a roupa suja em público”, disse o especialista à Folha, afirmando ainda que a Jive deve ter investido um valor entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões em disputas judiciais ao longo dos últimos meses.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.