O que deve acontecer com o dólar em 2023?

Neste ano, o rali do dólar lembrou ao mundo o poder da moeda em trazer sofrimento para a economia mundial. Para o próximo ano, a aposta dos investidores é de baixa na moeda. Até a última quarta, 28, o dólar acumulava uma alta de 8,9% em 2022, de acordo com o WSJ Dollar Index, que monitora seu valor ante 16 outras moedas.

Este patamar marcaria o maior aumento anual do dólar desde 2014. O índice bateu seu pico no fim de setembro, no nível mais elevado desde 2001.

No entanto, o dólar está fechando 2022 na defensiva, tendo conseguido recuperar quase a metade de seus ganhos desde seu pico mais elevado, uma vez que os investidores projetam que a inflação nos Estados Unidos está enfraquecendo.

Era baixo o número de investidores que projetavam que a inflação fosse permanecer em alta, ou que o Federal Reserve subisse as taxas em mais quatro pontos percentuais no período de nove meses.

As taxas em alta impulsionam a moeda, o que chama a atenção de investidores do mundo todo para ativos dos EUA, como os títulos do Tesouro. O conflito na Ucrânia provocado pela Rússia turbinou o dólar, com investidores migrando para ativos tidos como seguros e um crescimento nos preços da energia agravando as pressões inflacionárias.

“Sem a Rússia invadindo a Ucrânia, (o dólar fraco) teria sido a aposta correta” para este ano, afirmou Derek Halpenny, chefe de pesquisa para mercados globais na região europeia do banco japonês MUFG ao Valor Econômico. “Essa foi a mudança maciça, porque criou esse segundo choque inflacionário global que forçou o Fed a seguir o caminho que fez.”

A alta do dólar está se refletindo em todo o mundo, alimentando o movimento de quedas históricas para as moedas estrangeiras. Em julho, o euro rompeu a paridade com o dólar e a libra esterlina, por sua vez, bateu seu patamar mais baixo em cerca de 200 anos de negociação ante ao dólar, ao passo que o iene japonês caiu para seu ponto mais fraco desde 1990.

“O dólar pode ser como um vórtice: quando começa a acumular poder, as coisas mais fracas são tomadas primeiro. Quando essa força centrífuga cresce e cresce e cresce, eventualmente até mesmo os bons ativos começarão a se mover”,  disse ao Valor Econômico Andrew Keirle, gerente global de portfólio de renda fixa da T. Rowe Price.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.