Carne na mesa é só acordar cedo e trabalhar? Post polêmico traz alerta importante sobre políticas públicas

Quem tem Facebook deve ter visto nos últimos dias publicações com dizeres como: “Quem quer comer carne é só acordar cedo e trabalhar“. Em uma provocação aos eleitores que relacionam o plano de governo do ex-presidente Lula (PT) com a promessa de uma alimentação mais completa, e a diminuição da fome. Mas, afinal, será mesmo que para conseguir diversificar o cardápio da família é preciso apenas trabalhar? Quero te fazer refletir sobre isso, então acompanhe.

Carne na mesa é só acordar cedo e trabalhar? Post polêmico traz alerta importante sobre políticas públicas
Carne na mesa é só acordar cedo e trabalhar? Post polêmico traz alerta importante sobre políticas públicas (Imagem: FDR)

Talvez nunca tenha sido vista uma eleição tão polarizada no país, dois lados que defendem candidatos diferentes e com posições bem diferentes. Opinião política não é ruim, inclusive é ótimo que você leitor esteja munido de informação para defender seus ideais. Mas, se posicionar tem ficado cada vez mais perigoso, já houveram duas mortes de eleitores dos dois lados nos últimos tempos.

As provocações são diversas, e desde que o candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva (PT) disse em campanha que gostaria de trazer de volta os churrascos e a “cervejinha” do povo brasileiro, os memes começaram. Poderia ser só mais uma análise engraçada, uma provocação saudável entre dois lados, mas não é isso que tem sido visto.

Ainda que o cenário seja um tanto quanto assustador, tanto as ideias dos eleitores de Lula como de Jair Bolsonaro (PL) trazem consigo alguns pontos a serem analisados. Como no caso do post sobre a compra de carne, em que bolsonaristas afirmam que para adquirir o produto basta que o cidadão trabalhe e consiga seu dinheiro.

Outros posts parecidos se mostram mais neutros, e dizem que “Quando esse pessoal souber que independente do presidente para comer picanha eles terão que trabalhar (…)“. Podemos observar alguns pontos importantes nestas posições, e independente de quem você escolheu para votar no próximo dia 30 de outubro, eu gostaria que você estivesse de olho em alguns significados que essas publicações trazem.

Aumento do preço da carne vs salário mínimo

O primeiro ponto que a gente precisa ter em mente é que o valor da carne tem subido desde 2019. Em Campo Grande (MS), por exemplo, em agosto houve aumento de 0,82% no valor cobrado para a carne bovina, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A cesta básica na capital do Mato Grosso do Sul chegou a R$ 711,09 neste mesmo mês.

Na cidade de São Paulo os itens da cesta básica foram encontrados por R$ 760,45 no mês de agosto, segundo o Dieese. Enquanto isso, o salário mínimo em todo país é de R$ 1.212,00. Logo, a conta não fecha, ainda mais considerando que além dos itens alimentícios as famílias deverão arcar com gastos como: aluguel, conta de água, conta de luz, remédios, roupas e lazer.

Por isso pessoal nós temos que pensar que embora o trabalhador esteja ativo no mercado de trabalho, ao receber um ou dois salários mínimos, dificilmente dará conta de todo os gastos para sobreviver com o básico. Entre comprar 1 kilo de picanha que custa em torno de R$ 58,00, ou pagar uma conta básica, o que você acha mais conveniente?.

Influencia do governo no poder aquisitivo da população

Não temos que discutir que para o crescimento financeiro é preciso sim muita dedicação. O trabalhador tem que se esforçar, abdicar de alguns gastos, poupar, investir na sua qualificação, para que então conquiste independência financeira e tenha renda suficiente para gerar empregos, e movimentar a economia de forma ativa.

A questão aqui é entendermos que nem todo mundo que está nesta corrida pelo sucesso entrou na mesma posição. Uns estão a frente dos outros, e justamente por isso é preciso contar com as políticas públicas desenvolvidas pelo governo federal para que os mais vulneráveis possam alcançar o mínimo de conforto.

Por exemplo, será por meio do sistema de cotas, financiamento público, bolsas de estudos, ou similares, que o cidadão que não tem condições de pagar a mensalidade de um curso superior vai conseguir dar prosseguimento a sua vida acadêmica. É contando com a ajuda do governo que aquela mãe que não consegue vaga na creche para o filho, e logo não tem emprego, conseguirá comprar alimento.

Se a sua realidade hoje te permite adquirir bens materiais, comer carne mais de uma vez por semana, fazer viagens, manter seu padrão social, ir a academia, assinar plano de internet e streamings, entre outros, isso não significa que todos vivem assim. Claro que a miséria do próximo não diminuí o seu sucesso, mas já parou para pensar que nem todos têm a mesma oportunidade?.

Independente da sua escolha no segundo turno para as eleições 2022, tenha em mente meu amigo que o seu presidente precisa combater: a fome, a desigualdade social, o desemprego, o déficit de educação. Já foi pesquisar sobre as propostas que ele tem a respeito disso? Somente assim, escolhendo certo, votando certo, é que teremos o mínimo de esperança sobre um futuro melhor.

Não precisamos de picanha na mesa de todos os brasileiros, o que a gente precisa é de oportunidade e qualidade de vida para conseguir trabalhar e comprar os alimentos. Ninguém é digno de pena, entenda isso, mas todos têm o direito de receber auxílio capaz de promover equidade. 

(Imagem: Business por Elas)

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Lila Cunha
Autora é jornalista e atua na profissão desde 2013. Apaixonada pela área de comunicação e do universo audiovisual. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: [email protected]