PT pede cancelamento de campanha que relaciona BOLSA FAMÍLIA ao aumento do desemprego

Quem tem acompanhado a propaganda política eleitoral percebeu que a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) está focando nos benefícios do Auxílio Brasil. Mas, não sem antes criticar o antigo programa, o Bolsa Família que foi criado durante o governo do PT. Por isso, o partido político pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a propaganda fosse tirada do ar, mas a solicitação foi negada.

PT pede cancelamento de campanha que relaciona BOLSA FAMÍLIA ao aumento do desemprego
PT pede cancelamento de campanha que relaciona BOLSA FAMÍLIA ao aumento do desemprego (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)

Transmitida na televisão durante horário eleitoral, a propaganda do presidente Bolsonaro reforça que os R$ 600 de Auxílio Brasil pagos hoje continuam em 2023. E informa que a partir do ano que vem a parcela pode chegar a R$ 800, caso o cidadão consiga um emprego. Na mesma campanha ele diz que com o Bolsa Família ter um emprego formal não era possível.

Quando o Bolsonaro dá os R$ 200 a mais, ele incentiva o trabalho. Isso é o oposto do que o PT fazia, porque para receber o antigo Bolsa Família, as pessoas não podiam trabalhar. Lembra?”, diz o narrador da campanha.

Em seguida aparece uma pessoa confirmando a informação, dizendo que na época do Bolsa muitos deixavam de procurar emprego para não perder o benefício. A mesma propaganda afirma que Lula (PT) foi o responsável por impedir que houvesse geração de emprego, por conta das irregularidades na transposição do Rio São Francisco.

Por que o TSE negou o pedido do PT?

Ao analisar o caso, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, entendeu que a publicidade veiculada pela campanha de oposição ao PT traz opiniões críticas sobre o programa Bolsa Família. E acredita que o conteúdo propõe a uma discussão pública, bem como o fortalecimento do debate democrático.

Com efeito, no processo eleitoral, a difusão de informações sobre os candidatos – enquanto dirigidas a suas condutas pretéritas e na condição de homens públicos – e sua discussão pelos cidadãos, são essenciais para ampliar a fiscalização que deve recair sobre as ações do aspirante a cargos políticos e favorecer a propagação do exercício do voto consciente“, defendeu o ministro.

Bolsa Família impedia cidadão de trabalhar?

Na verdade, não. De acordo com uma publicação feita pelo Ministério do Desenvolvimento Social em 2014, beneficiários do Bolsa Família que entrassem para o mercado de trabalho poderiam continuar recebendo a ajuda financeira do governo.

A mesma publicação diz que a regra para manter o salário do programa é não ultrapassar a renda máxima por pessoa exigida. Em 2014, quando o salário mínimo era de R$ 724, o valor mensal por pessoa da família não poderia ultrapassar R$ 154, mesmo com o pagamento de um salário formal de algum dos membros.

Além disso, a mesma publicação informa que o Bolsa Família não poderia ser cortado por um período de anos para as famílias em que um dos membros conseguissem emprego. Ainda que a renda por pessoa ultrapassasse os R$ 154 e chegasse a meio salário mínimo, o que na época significava R$ 362 por pessoa.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com