Imposto de Renda: correções nas tabelas são FUNDAMENTAIS. Saiba o motivo

Pontos-chave
  • Tabela do Imposto de Renda não é atualizada desde 2015
  • Super Ricos pagam menos impostos que a classe média
  • Especialistas defendem correção do IR

No Brasil, o aumento da inflação juntamente com a falta de correção da tabela do Imposto de Renda, está ocasionando um crescimento de tributação histórico entre a população mais pobre.

Declarou o Imposto de Renda atrasado? Veja como pagar a multa
Imposto de Renda: correções nas tabelas são FUNDAMENTAIS. Saiba o motivo (Imagem: FDR)

De acordo com a Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), em média, somente neste ano o aumento do número de contribuintes foi de  cerca de 14,8%, ante o aumento médio de 2,84% nos últimos 5 anos. Fora isso, a defasagem ocasionada pela não correção da tabela do Imposto de Renda chega a 134,53%.

Diante da proximidade das eleições presidenciais que acontecem em outubro, alguns candidatos estão levantando a bandeira da correção da tabela do IR. Por conta da situação atual, o site iDinheiro procurou especialistas em economia e direito tributário para saber o que precisa ser feito no que se refere a atualização da tabela do IR no país.

“Super-Ricos”pagam menos impostos que classe média

De acordo com um estudo realizado pelos auditores da Receita Federal, aqueles contribuintes que possuem uma renda superior a 320 salários mínimos (cerca de R$ 334,4 mil) por mês, pagam uma alíquota efetiva de IR de 5,25%, o que retrata o montante  de fato recolhido em Imposto ante ao rendimento total desse contribuinte.

Porém, esta alíquota fica quase no mesmo patamar daquela que é paga por contribuintes que ganham entre cinco a sete salários mínimos (entre R$ 5,2 mil a R$ 7,3 mil), e que são efetivamente taxados em 4,91%. Fora isso, o percentual que é cobrado para os “super-ricos” é menor ao que é cobrado na faixa daqueles que ganham de sete a dez salários mínimos (entre R$ 7,3 mil a R$ 10,4 mil). Nesta situação, a alíquota efetiva de IR cobrado é de 7,7% dos seus rendimentos.

Os cálculos foram realizados pelo Sindifisco Nacional, tendo como base os dados da declaração de Imposto de Renda 2021, relativos ao ano-base 2020.

O doutor e mestre em Direto Tributário pela PUC-SP,  André Félix Ricotta de Oliveira, explicou ao iDinheiro que a tabela do IR que está em vigor atualmente e que foi atualizada pela última vez em 2015, não reflete a situação atual do país.

“A tabela atual não está correta, ela não vem sofrendo a devida atualização monetária. Se a tabela do imposto de renda fosse devidamente atualizada, 10 milhões de pessoas ficariam isentas do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Isso demonstra que as pessoas não estão sendo tributadas sobre a renda e sim sobre os seus rendimentos e seu patrimônio“, explicou.

Na visão de Yvon Gaillard,  economista e co-fundador da Dootax, as atuais faixas de cobrança do IR não são abrangentes. 

“É cobrada a alíquota máxima de Imposto de Renda para pessoas que ganham mais de R$ 4.600. Então, o governo coloca a mesma faixa uma pessoa que ganha R$ 5 mil e um grande executivo que ganha R$ 30 mil ou R$ 40 mil por mês. Esses dois perfis de trabalhadores pagam, no final das contas, proporcionalmente o mesmo Imposto de Renda, sendo que em outros países desenvolvidos há mais, realmente maior tributação e alíquotas sobre o IR”, disse.

Correção tabela do IR precisa acontecer 

Segundo o doutorando em direito e auditor fiscal do Tesouro Estadual do Estado de Pernambuco, Francelino Valença, a correção da Tabela do IR é algo urgente. Porém, apenas fazer uma atualização não resolve a questão.

“Corrigir apenas a tabela não resolve o problema, ela (a correção) deve ser seguida pelo retorno da tributação sobre a distribuição de lucros e dividendos e o fim do juros sobre o capital próprio. Não parece estar em consonância com a Constituição Federal, muito menos, com qualquer noção de justiça, a tributação sobre rendimentos do trabalho assalariado de um empregado que ganha a partir de dois salários mínimos, enquanto a renda proveniente do capital, mesmo que milionária ou até bilionária, continue sem pagar um centavo”, disse ele ao iDinheiro.

YouTube video player
Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.
Sair da versão mobile