Casa própria: sonho ou ilusão? Entende 5 pontos importantes antes de fazer um financiamento

Independentemente da crise financeira, muitas pessoas vêm se preparando para comprar a casa própria, e muitas vezes fica em dúvida se deve ou não entrar na dívida do financiamento habitacional para garantir o bem. 

O movimento deve ser tomado com cautela, conforme mostra o jornal O Globo, sobe para 16% o número de famílias que desistiram de seus financiamentos comprados diretamente na planta e isso ocorre devido aos movimentos econômicos atuais.

Hoje você aprenderá sobre 5 pontos que devem ser analisados, e ponderados antes de adquirir sua nova casa.

É necessário sempre analisar os prós e os contras colocando em perspectiva tanto os cálculos matemáticos quanto o seu sonho e desejo. 

Afinal o dinheiro é o fio condutor para a realização dos nossos sonhos e objetivos.  

1) Questione-se: É isso que eu realmente quero?

Ter uma casa pode trazer a sensação de segurança, de maior conforto e isso vai ditar o caminho que você deve seguir.

Na gestão financeira falamos que o nível de endividamento seguro não pode ultrapassar 30%, ou seja o valor do seu financiamento por mês, não deve ultrapassar a 30% da sua renda.

É preciso pensar bem onde morar e por quanto tempo deseja ficar ali, isso devido a dificuldade de venda de imóveis no geral.

Transformar um imovel em dinheiro vivo pode demorar, então é preciso escolher com cautela.

2) Antes de tudo entenda o produto: Sistema de Financiamento e suas tabelas

O SFH, Sistema de Financiamento Habitacional, é o mais usual aqui no Brasil inclusive é utilizado no programa Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa Minha Vida.

Dentro dos contratos de crédito imobiliário você tem a opção de escolher como será a amortização da sua dívida, ou seja como será pago o juros.

A tabela Price ou Sac é a forma como esses percentuais serão divididos:

Isso quer dizer que a única variação é dos juros, por isso as primeiras parcelas são sempre mais altas. Esse tipo de financiamento imobiliário tem uma dinâmica interessante, pois com prestações mais altas no começo, o devedor acaba amortizando mais rápido a dívida, o que o faz pagar um montante de juros menor.

Outro ponto positivo é que com parcelas que diminuem ao longo do tempo, vai ficando cada vez mais fácil realizar o pagamento. No entanto, no início do financiamento as prestações costumam ser altas, por isso é essencial avaliar se o pagamento será viável nos primeiros anos do financiamento.

3) Antes de tudo entenda o produto: Fatores de correção IPCA, TR ou Poupança:

Fator de correção é o índice financeiro que será usado para calcular os juros do seu contrato, atualmente existem diversas modalidades:

IPCA: Este é o índice da nossa economia que mede a inflação, e neste momento a expectativa é que fechamos o ano com esse índice na casa dos 6,82%, conforme último relatório Focus do Banco Central de 22/08/2022. 

E para o próximo ano a espera é que fique na casa dos 5,53%a.a, mas é importante dizer que isso é uma expectativa, o IPCA acumulado dos últimos 12 meses está em 10,07%, conforme dados no site do IBGE.

TR – Taxa Referencial: Essa é de longe a mais famosa taxa no sistema de crédito imobiliário, normalmente o mais utilizado.

Essa taxa ficou zerada durante muitos anos, o que fez com que os contratos emitidos com ela fosse uma taxa fixa + TR. Porém, de fevereiro de 2022 para cá é possível acompanhar as elevações da taxa que no acumulado de 12 meses está em 0,74%, mas esteja atento, como disse ali acima os contratos com a TR possuem junto à soma de uma taxa fixa.

O interessante nessa modalidade é que devido ao baixo percentual as oscilações nas parcelas são pequenas.

Poupança: Já quando a correção é feita pela poupança, vai acompanhar a forma de rentabilidade da mesma, veja:

Enquanto a Taxa Selic for igual ou menor a 8,5% ao ano, a poupança renderá 70% da Selic + a TR.

Quando a Selic chegar a ultrapassar 8,5% ao ano (que é o que vivemos atualmente em agosto de 2022), a poupança vai ficar fixa em 6,17%a.a, tendo como componente variável a taxa de juros dessa TR.

De modo geral podemos concluir que as opções de financiamento atreladas ao IPCA e Poupança tendem a sofrer mais oscilação nos valores da parcela, na opção com a TR a oscilação é bem menor, tornando o saldo a pagar muito mais previsível.

4) FGTS – Fundo de garantia por tempo de serviço

Outra forma de melhorar o seu financiamento é utilizando o saldo do FGTS. Afinal quanto menos dinheiro você pegar emprestado, menores serão os juros pagos.

O saldo pode ser usado para:

Ou seja o saldo do FGTS pode ser usado na hora da contratação ou depois, para saber mais acesso o link da Caixa: https://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/Paginas/utilizacao-fgts.aspx

5) Pesquise e entenda o cálculo final

É importante que você faça sua simulação em pelo menos 3 instituições e use isso para tentar reduzir suas taxas, dessa forma você poderá negociar.

Conforme o site Busca Credi é possível encontrar taxas no mercado que variam entre 8,27%a.a á 10,12%a.a (dados de 23/08/2023).

Assim podemos entender que mesmo tendo as mesmas regras, as taxas praticadas podem ser bem diferentes, não deixe que um momento tão feliz vire um pesadelo financeiro.

Bruna CordeiroBruna Cordeiro
Bruna Cordeiro é Palestrante e Consultora de Finanças, possui a Certificação Profissional ANBIMA Série 20, destinada a distribuição de Investimentos, Produtos e Serviços Financeiros. Tem como propósito mudar a vida das pessoas através da Educação Financeira.
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