Ao que parece, o corte de 4,8% promovido pela Petrobras no início desta semana não fez cócegas no preço da gasolina. Pelo menos, não considerando um cenário mundial. O Brasil continua vendendo um dos combustíveis mais caros de todo o planeta.
O preço da gasolina nas refinarias brasileiras segue superior ao nível de importação, característica usada como base pela estatal na simulação para saber os custos em trazer o produto do exterior.
De acordo com cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço médio do produto nas refinarias era de R$ 0,27 o litro até a última terça-feira, (16).
O valor significa que ainda existe margem para que a Petrobras faça novos cortes no preço da gasolina, isso se as cotações internacionais do petróleo e o câmbio se manterem contidos. Na ocasião, a estatal declarou que prefere não repassar as volatilidades momentâneas para o consumidor.
Desde a última terça-feira, (16), o preço médio de venda do combustível foi reduzido em R$ 0,18, passando de R$ 3,71 para R$ 3,53 o litro. Após longos meses sem nenhuma alteração, esta já é a terceira queda nas últimas semanas.
Há 18 dias atrás, a estatal reduziu em R$ 0,15 o preço do litro da gasolina para as distribuidoras. Na última semana, o ajuste foi ainda maior, de R$ 0,22, mas no preço do litro do diesel nas refinarias. Na semana anterior, a queda foi de R$ 0,20. Estes foram os três reajustes nos valores dos combustíveis no prazo de um mês.
Na oportunidade, a estatal justificou que as medidas visam acompanhar a evolução dos preços de referências, em resumo, as cotações do mercado internacional.
Destacando que, o barateamento da gasolina e outros combustíveis é uma das principais promessas de campanha de Bolsonaro, visando a reeleição em 2022.
Impacto do barateamento das gasolinas
Embora o preço da gasolina tenha sido reduzido de R$ 3,71 para R$ 3,53 o litro nas refinarias, o repasse não será igualitário para o consumidor final. Isso porque, o preço aplicado pelos postos de combustíveis nas bombas, consideram fatores distintos na cobrança, como impostos e o lucro das distribuidoras.
A queda evidencia um cenário negativo já previsto por analistas que estimam qual será o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de agosto.
O medidor apura a inflação oficial do país. Pontuando que, no mês de julho, a gasolina foi uma das principais responsáveis por empurrar o índice para um patamar inferior.
A Petrobras alegou buscar “o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.
Por exemplo, o barril de petróleo tipo Brent, usado como referência no mercado internacional, era inicialmente cotado a US$ 93,98 até às 12h40 de segunda-feira, (15), após uma queda de 4,25% considerando a entrega para outubro.
Desta forma, há um recuo na cotação tendo em vista a ruptura dos dados sobre a economia chinesa, levando o país a cortar a taxa de juros para fomentar a economia.