Basta que o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancione a Medida Provisória e o empréstimo consignado pelo Auxílio Brasil passa a valer. A proposta é liberar a solicitação de um crédito financeiro para mais de 18 milhões de famílias que atualmente recebem o benefício. No entanto, especialistas se preocupam com o benefício.
No texto que oferece o empréstimo consignado, a previsão é liberar um crédito que permita o pagamento em até 40% do saldo do Auxílio Brasil. Isso significa que, por exemplo, quem recebe até R$ 400 no programa poderá pagar até R$ 160 de empréstimo todo mês.
Ainda que a medida não tenha sido sancionada e o crédito não possa ser oferecido aos cidadãos sem a permissão do presidente, algumas cooperativas já têm ofertado o empréstimo. Anúncios colados nos postes e em locais estratégicos oferecem a contratação do crédito.
No entanto, o portal UOL publicou uma notícia em que mostra juros abusivos sendo cobrados por essas cooperativas de crédito. Foi visto que ao ano os juros devem chegar até 98%, aumentando consideravelmente o preço a ser pago pelo empréstimo consignado.
O que dizem os especialistas sobre o empréstimo consignado
Ao portal Terra, Jorge Felix, mestre em economia e professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), disse que o oferecimento do empréstimo consignado é um risco.
Ele relaciona a falta de informação das famílias que são vulneráveis, e muitas vezes não têm acesso a orientações, ao crescimento dos juros. Embora o consignado tenha taxas menores que o atual mercado, elas ainda são altas.
“Temos os juros de mercado lá no alto, então só o fato de ser um percentual de juros menor do que o praticado em outras modalidades de crédito não é uma grande vantagem para quem toma o crédito. A assimetria de informação é isso, a pessoa não tem essa percepção porque ela não tem essas informações”, disse Felix.
Ione Amorim, economista e coordenadora do programa de serviços financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), também demonstrou preocupação com assunto em entrevista concedida ao Valor Econômico.
Ela evidenciou o fato de que os beneficiários do Auxílio Brasil deixarão de buscar os grandes bancos para “cair na conversa” dos bancos menores. O fato é que esta iniciativa lhes trará a cobrança maior de juros, e aumentam as chances de criar dívidas.
“Estas famílias vão tomar este crédito, vão se endividar e vão cair em mãos de outras financeiras que cobram taxas de juros de 700% até 1.000% ao ano.”, diz Amorim.