Em meio a uma inflação alta e persistente, o vale-alimentação dos trabalhadores está durando cada vez menos, já que não vem acompanhando o custo médio de se fazer uma refeição fora de casa. De acordo com dados da ABBT(Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador), uma refeição está custando em média R$40,64 no Brasil.
Esta certeza é proveniente de uma pesquisa feita pela Sodexo Benefícios e Incentivos com sua base de clientes e que que revelou que desde o começo da pandemia do coronavírus em 2020 até junho deste ano, a durabilidade do vale-refeição tem sido de apenas 13 dias. Em 2019, a durabilidade era de 18 dias em média.
“Se considerarmos que cada transação acontece em um dia útil, podemos dizer que hoje o trabalhador precisa desembolsar nove dias do salário para almoçar e assim fechar o mês até a próxima recarga do benefício uma vez que as empresas geralmente consideram 22 dias úteis na concessão do crédito”, disse ao Bem Paraná, Willian Tadeu Gil, Diretor de Relações Institucionais e de Responsabilidade Corporativa da Sodexo Benefícios e Incentivos.
“Importante lembrar que no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, empresas de todos os portes aumentaram, em média, 7,42% o valor do crédito do cartão refeição, justamente por entender que a oferta de benefícios ao trabalhador é questão de estratégia de negócio na atração e retenção dos melhores talentos”, complementou ele.
No entanto, o reajuste ainda ficou longe de conseguir recompor a inflação no período. Em 2020, a inflação fechou em 4,52% e no ano passado 2021 em 10,06%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Vale-Alimentação em dinheiro?
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, relator da MP (medida provisória) 1.108, está querendo inserir no texto a autorização para que trabalhadores possam receber o valor do vale-alimentação em dinheiro.
O objetivo é que os empregadores consigam negociar com os sindicatos da categoria o pagamento deste vale, separadamente do salário, para não ser caracterizado como verba trabalhista.
Em sua justificativa, Paulinho alega que esta medida trará benefícios para o trabalhador, uma vez que uma parcela considerável deles repassa o vale com desconto para usar o dinheiro para outros fins.
A alteração na medida não foi negociada com o Ministério do Trabalho e Previdência e passa por uma resistência oriunda de plataformas de delivery.