A previsão do governo federal é alcançar 20 milhões de famílias com o Auxílio Brasil. Isso, se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 1/2022 for aprovada na Câmara dos Deputados. O texto desta proposta prevê o pagamento de R$ 600 para além dos 18,1 milhões de famílias, incluindo novos 2 milhões de beneficiados.
Jair Bolsonaro (PL) não se opôs ao projeto, pelo contrário, tanto o presidente como seus apoiadores querem que a medida passe para a sanção o quanto antes. Acredita-se que o Auxílio Brasil de R$ 600 criado nesta gestão vai aumentar a popularidade do presidente, e suas chances de ser reeleito neste ano.
A ideia é incluir no programa mais 2 milhões de famílias que hoje estão na fila de espera. São pessoas que fazem parte desta lista até agosto deste ano, sobre os próximos inclusos não foi dito nada a respeito.
Ainda mais que será necessária verba de R$ 26 bilhões fora do teto de gastos apenas para bancar esses investimentos, aumentando o número de beneficiados e o valor de pagamento.
Os 2 milhões de famílias fazem parte de um cálculo feito pelo Ministério da Cidadania, baseados nos dados do CadÚnico. Segundo a pasta, até maio deste ano haviam 700 mil famílias aguardando entrada no programa.
Para ser elegível é preciso ter renda de até R$ 210 por pessoa, além de estar com os dados atualizados no Cadastro Único.
Auxílio Brasil não trará grandes impactos
Em uma entrevista concedida ao IG, Fernando de Holanda Barbosa, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV, relaciona os esforços do governo Bolsonaro para aprovação das mudanças no Auxílio Brasil com o desejo de reeleição. E acredita que pouco tem haver com o combate a fome.
Na época do auxílio emergencial pago em 2020, por exemplo, o índice de aprovação do presidente subiu. Mais de 50% da população avaliava o governo como bom. O valor pago naquela época também era de R$ 600.
“Já na implantação do Auxílio Brasil, 10,4% da população estariam elegíveis a recebê-lo. Esses 400 mil que entrarão a mais agora (em relação à projeção anterior do governo) ajudam a encher o copo, mas esse copo segue bem vazio“, afirmou o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, para o IG.
Criador do Fome Zero, José Graziano da Silva, também se posicionou a respeito do assunto em entrevista ao mesmo portal. Ele disse acreditar que o aumento de valor do Auxílio Brasil pode sim beneficiar Bolsonaro.
“É feito com empenho do presidente Bolsonaro, em plena campanha eleitoral. Isso deverá resultar, sim, em maior apoio entre as pessoas que recebem.“, afirmou.
A promessa é fazer o pagamento de R$ 600 até o fim deste ano, mas dificilmente o valor será reduzido novamente.
“O auxílio pode inclusive atrapalhar a governabilidade do próximo presidente, seja ele quem for. Como você tira benefícios como esse e arrisca aumentar a vulnerabilidade de milhões de beneficiários? O programa desrespeita as regras do jogo e não é sustentável a longo prazo.”, disse João Saboia, professor emérito do Instituto de Economia da UFRJ.