Em tempos de crise, brasileiros têm dificuldade para atualizar a poupança. Nos últimos meses a população está acompanhando o encarecimento de todos os serviços e produtos. Da gasolina até mesmo a feira, não há nada que esteja com um bom custo benefício. Nessa situação, guardar dinheiro virou um grande desafio. Abaixo, uma especialista te explica como poupar na crise.
A inflação permanece em alta e cada vez mais o salário do cidadão tem o seu poder de compra e venda reduzido. No entanto, para aqueles que estão acima do piso nacional, é possível ainda utilizar estratégias para poupar dinheiro. A atualização da poupança é essencial para auxiliar em situações de emergência.
Atentos a essa necessidade, o FDR convidou a contadora e professora de contabilidade da C.H.i. Cursos, Antonia Jairi Brito, para ensinar os leitores a como poupar na crise. Em entrevista exclusiva, ela traz uma série de dicas que irão fomentar o desenvolvimento da poupança. Acompanhe:
É possível poupar na crise? Como?
A pandemia nos trouxe uma grande lição. Poupar é vital. Além das vidas perdidas, os meses sem renda, as demissões e todos os gastos com saúde nos deixaram uma lição que jamais deve ser esquecida, é preciso aprender a pensar no amanhã. E, se para alguns o pensar no amanhã é no dinheiro para sobreviver, para outros vai ser a reserva para continuar fazendo o que se quer fazer.
E algumas pessoas pensam que poupar é só quando sobra. E ficam esperando isso. Mas na verdade poupar é ir aumentando a reserva que se tem, como se esta fosse uma “despesa fixa” mensal. A primeira reserva é da sobrevivência, ou seja, para pagar as contas. A reserva seguinte é da continuidade dos projetos – conseguir manter a rotina de viajar periodicamente, por exemplo. E então, com o hábito de poupar, logo vem a fase do investimento.
Quantos porcento recomenda-se poupar por mês?
Há uma variedade de métricas para fazer isso. Mas normalmente a porcentagem começa em 10% da sua receita, e vai aumentando conforme você ganha consciência financeira. No entanto, se não dá para poupar 10%, você pode determinar uma porcentagem que consiga cumprir e coloca como um gasto fixo no seu planejamento e que deve ser feito não como sobra, mas como primeiro valor a ser considerado na hora dos “pagamentos”.
Qual a melhor formar de fazer o dinheiro render?
O interesse por investimentos tem aumentado e muitas pessoas quando pensam em investimento já pensa em investir em ações. No entanto, o investidor iniciante precisa, antes de tudo ter conhecimento sobre tipos de investimentos, risco de investimentos e oscilações dos investimentos.
E nesta hora surge o perfil do investidor: conservador, moderado ou arrojado. Para quem tem zero de conhecimento em investimento, deve ficar nas aplicações convencionais e de baixo risco para ir aumentando.
Como iniciar uma carreira de investidor?
Gostei tanto de investir que quero ser investidor profissional e vou começar com os meus parentes. Muito se ouve sobre pessoas que começaram do nada e se tornaram investidores. Mas isso não é uma regra e nem é a maneira correta. Se você vai lidar com dinheiro dos outros, com sonhos dos outros, com as economias dos outros, isso vai te trazer uma responsabilidade imensa.
Seguir a carreira de investidor requer muito estudo, muito preparo e acima de tudo, ética. Precisa conhecer o mercado financeiro, e para atuar nele, há exigências de certificações específicas, como as da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) para atuar. Isso sem contar as constantes atualizações que o setor necessita. Além disso, é preciso criar networking e ter visão sistêmica de todo o processo, sob o risco de perder não só o dinheiro alheio, mas toda a sua reputação.
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Quais são os investimentos mais seguros para os principiantes?
Os investimentos mais indicados para os iniciantes são os considerados mais seguros e ao mesmo tempo mais fáceis de entender o funcionamento.
Um destes investimentos do perfil conservador é o CDB, ou Certificados de Depósitos Bancários. Comuns em todos os bancos e fáceis de serem feitos, os CDB’s têm outra vantagem, a cobertura pelo Fundo Garantidor Crédito até o valor de R$ 250.000,00 por CPF e por instituição. Isso é importante porque se o banco quebrar o FGC garante a devolução do dinheiro investido.
Outro investimento considerado conservador é são títulos do governo, como o Tesouro Selic, por exemplo. Emitidos pelo Tesouro Nacional, cujos rendimentos são atrelados à taxa Selic, este investimento também é muito utilizado por investidores iniciantes pela facilidade do entendimento acercado rendimento.
Para o perfil moderado, um investimento que traz a visão de investimento em ações, mas sem o risco individual, é o BOVA 11, ele utiliza como referência o índice Ibovespa e é formado por uma carteira de ativos, o que equilibra o risco de perdas. Este investimento se sobressai porque o valor inicial deles é bem menor que os das ações.
Os Fundos Imobiliários, ou FII’s, são considerados investimentos para iniciantes, mas para aqueles que já se sentem com um perfil mais arrojado, porque eles apresentam uma certa volatilidade e são de renda variável. Mas é indicado para quem quer investir no ramo imobiliário, sem precisar adquirir um imóvel.
Mas independente do perfil, para o investidor iniciante a regra sempre será, diversificar e não fazer nenhum investimento sem entender o seu funcionamento.
Investir é a melhor opção quando se tem dinheiro guardado?
Investimento sempre leva a visão de que o seu dinheiro não vai estar parado sem qualquer rendimento. Mas um investimento só será válido se o valor utilizado é um valor que não tem prazo determinado de uso. Para investir, o valor investido não pode fazer falta na sua rotina financeira pelo período do investimento.
Muita gente confunde isso fazendo investimento e pegando emprestado do banco valores para pagar despesas. Isso não vai trazer benefício, porque todo rendimento do seu investimento, como regra geral, será consumido pelos juros pagos.
Como evitar o gasto desnecessário de valores extras que estavam fora do planejamento, mas caíram na conta?
Com planejamento financeiro, controle de gastos e compensação entre os gastos. Saber o que se ganha e quanto se gasta, faz com que você não gaste o que não tem. E, se você tem consciência financeira, vai saber o que pode ou não gastar, quando pode gastar ou não gastar.
E se houver algum imprevisto, como um gasto não programado, se você faz planejamento financeiro, você tem reserva emergencial para cobrir estes gastos, você corta outros gastos e faz as contas se acertarem e voltarem ao planejado. Porque em finanças, e na vida, a regra é simples, você pode ter o que quiser, mas não ao mesmo tempo e nunca sem planejamento.