Especialista explica porque as empresas devem priorizar a diversidade entre seus funcionários

Empreendedores e RH devem reformular o modo como selecionam seus funcionários. O mercado de trabalho está cada vez mais conectados a debates importantes como a necessidade de construção de empresas plurais. A diversidade passou a ser algo que tende a ampliar os valores de uma marca. Abaixo, um especialista debate sobre esse assunto.

Se você atua como RH em alguma empresa ou está selecionando funcionários para o seu pequeno negócio, fique atento. Atualmente ter uma empresa que preza pela diversidade é algo que faz com que a sua marca se destaque.

Cada vez mais clientes e fornecedores priorizam a vinculação com marcas que estejam conectadas com seus valores. Pensando nisso, o FDR convidou Daniel Spolaor, CEO da Escola Korú, para uma entrevista exclusiva.

Abaixo, ele explica quais as principais mudanças exigidas por parte do RH, como as empresas vem se portando diante de temáticas como a diversidade, o que é preciso para realizar um bom processo seletivo e mais. Acompanhe:

Um panorama sobre o novo momento sobre o RH no mercado de trabalho?

A área de pessoas consolidou-se como uma área central em qualquer organização. Mudanças sociais profundas relacionadas a temas como saúde, equilíbrio entre trabalho e descanso, diversidade e inclusão, ativismos (para o bem) dos funcionários reorganizaram a relação entre as pessoas e as organizações e isto fez com que a o cuidado com gente se tornasse o principal ponto da estratégia da maioria das empresas.

Quais as mudanças que foram implantadas no mercado de trabalho no pós-pandemia?

O trabalho flexível talvez tenha sido a maior discussão, mas essa mudança de dinâmica de trabalho fez com que outros temas viessem à tona com uma nova gama de opções de trabalho e, por consequência, a disputa por talentos entre as empresas.

Outro ponto muito fundamental foi que a pandemia levou muitas pessoas a reconsiderarem suas vidas e buscar novos rumos de carreira gerando um movimento que foi apelidado de “A grande resignação”, percebido em países como Estados Unidos, Inglaterra e Brasil.

Qual a importância das empresas se atentarem a questões relacionadas à diversidade e trazer as minorias para dentro do contexto corporativo?

Poderíamos justificar que diversidade melhora os resultados e aumenta a taxa de inovação das empresas e isto não deixa de ser verdade, porém, o fato é que isto é o certo a ser feito e as pessoas esperam isto dos gestores. É possível afirmar que mais de 60% da população Brasileira não tem igualdade de condições para acessar as oportunidades nos mercados de trabalho e isto é um problema que precisa ser atacado de frente pelas empresas.

Qual o cenário sobre diversidade dentro das empresas brasileiras?

Já existe um movimento de ampliação de diversidade, ou seja, mais pessoas entrando nas empresas. O ponto é que a progressão de carreira dessas pessoas e a representatividade dos mais diversos grupos ainda não é verdade na alta liderança, o que entendo que seja um foco fundamental daqui em diante. Destaco também que a representatividade de mulheres e negros em carreiras mais modernas (e aquecidas do mercado) é ainda menor. Estima-se, por exemplo, que menos de 30% das posições de tecnologia sejam fechadas por mulheres. Nasce aí um outro foco que é o de qualificar as pessoas para que elas possam acessar as oportunidades.

Como as empresas podem se tornar mais diversas e plurais?

Nem todas as empresas têm uma área dedicada a diversidade e inclusão e, mesmo quando a área já existe, ela ganha força quando a alta liderança se engaja no tema. Treinar os gestores, dar reportório, criar uma política clara de respeito às individualidades, articular grupos de afinidade para discutir os maiores focos e escrever planos de ação são passos iniciais importantes. A sequência disso são o sucateamento do letramento para toda a empresa, programas afirmativos para aumentar a representatividade e metas de diversidade bem definidas.

Qual o passo a passo de um bom processo seletivo? Diz algumas dicas para que empresas façam bons processos seletivos.

  • Não exagere na quantidade de etapas: Se a empresa cria uma infinidade de etapas, com um processo moroso e complexo, a experiência dos candidatos será negativa, diminuindo seu envolvimento. Sem falar que aumentam os custos e a ansiedade para quem está no processo.
  • Garanta que sempre haja retornos referentes a cada etapa: Erro crasso de qualquer processo é deixar os candidatos esperando. Demonstra desleixo e falta de empatia por parte de qualquer empresa, isso vale desde pequenas a grandes organizações.
  • Mantenha canais de dúvidas sobre seus processos seletivos abertos: O processo seletivo é uma via de mão dupla e várias dúvidas podem surgir nos candidatos, tanto sobre o processo quanto sobre a sua empresa. Use e abuse de ferramentas de colaboração, chatbots e lives para que todos fiquem informados e engaje efetivamente na seleção.
  • Apresente a sua empresa: Envolva gestores de todas as áreas, fale de cultura organizacional, tire as dúvidas das pessoas. Quanto mais as pessoas conhecerem sobre sua empresa e sua cultura, mais elas se engajarão. Todo processo seletivo deveria fazer as pessoas aprenderem ao longo da jornada.
  • Jamais se esqueça de diversidade e inclusão: É essencial que o processo seja desenhado para que qualquer pessoa esteja em igualdade de condições para participar. Se seu processo não atende a esse requisito, crie processos afirmativos ou reveja seu formato.

Eduarda AndradeEduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.