Fome no Brasil supera média global e afeta as crianças; entenda os motivos

Brasil volta ao mapa da fome e crianças passam a correr risco de vida. Uma pesquisa elaborada pelo Centro de Políticas Sociais do FGV Social, relevou que a insegurança alimentar no país cresceu em mais de 36%. Com a inflação em alta, o número de vulneráveis segue em constante aumento. Acompanhe.

Há meses a população brasileira vem sofrendo mediante o descaso do poder público. O país está com milhares de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza, sem receber o mínimo de assistência através das políticas públicas sociais.

Pesquisa releva cenário assustador de fome

De acordo com os dados da pesquisa global Gallup, a insegurança alimentar saltou de 17% em 2014 para 36% no final de 2021. Essa é a primeira vez em que o Brasil supera a média global (35%), aferida a partir de 125 mil questionários aplicados no mundo.

No grupo dos vulneráveis, 75% afirmam que falta dinheiro para comprar alimentos. “A insegurança alimentar mais elevada nesses segmentos tem efeitos de longo prazo preocupantes por causa do maior número de crianças envolvidas e da desnutrição entre elas“, afirma Marcelo Neri, diretor do FGV Social.

O que impressiona também é o aumento abissal da desigualdade de insegurança alimentar. Entre os 20% mais pobres no Brasil, o nível é próximo dos países com maiores taxas, como Zimbábue [80%]. Já os 20% mais ricos experimentaram queda [para 7%], ficando pouco acima da Suécia, país com menos insegurança alimentar”, explicou.

Renato Mafuf, coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), reforça que a população está sob constante ameaça, tendo em vista que não há uma previsão de melhoria nos próximos meses.

“O desemprego segue elevado e a renda, em baixa, sobretudo entre os informais. Temos um benefício social [Auxílio Brasil] menor do que em 2020 [quando chegou a R$ 600 mensais] e uma guerra entre dois grandes produtores de alimentos“, diz Maluf.

“Para completar, não há política de governo estruturada contra a fome, só reações voluntariosas, com medidas pontuais, como a redução de tarifas de importação. Não há nenhuma razão para acharmos que as coisas possam melhorar”, concluiu.

Eduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.