- Greve dos caminhoneiros é justificada pelo aumento no preço do diesel;
- Bolsonaro foca em investidas para amenizar e solucionar a situação;
- Se a greve não for contornada, poderá haver uma nova paralisação nacional como aconteceu em 2018.
A greve dos caminhoneiros teve início nesta quarta-feira, 10, após o esgotamento dos profissionais da classe acerca dos ajustes constantes nos preços dos combustíveis. A paralisação foi comunicada pelo Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Espírito Santo (Sindicam/ES).
De acordo com o sindicato, os caminhoneiros, em especial aqueles que trabalham autonomamente, são os que mais sentem os impactos no bolso quando ocorrem reajustes nos preços dos combustíveis.
Vendo de perto tal dificuldade, o sindicato, a ACA, a Coopercolog e os representantes dos caçambeiros se uniram em para apoiar a classe. Este conjunto alega que a situação já ficou insustentável tanto no que compete ao preço do diesel quanto aos demais insumos que compõem a rotina dos caminhoneiros.
No início desta semana, a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) afirmou estar indignada com o novo aumento no preço do diesel.
Em comunicado à imprensa, o representante dos caminhoneiros, Wallace Landim, apelidado de Chorão, disse que tanto o Governo Federal quanto a Petrobrás modificaram a estratégia de aumento nos preços dos combustíveis.
Em uma semana o gás natural fica mais caro, na outra a gasolina, agora o diesel, e assim por diante. “Gente, não podemos ficar quietos. Eu conheço e sei o quanto vai impactar na mesa do trabalhador”, disse Chorão sobre o aumento do diesel.
Aumento no diesel motivou a greve dos caminhoneiros
O anúncio sobre o reajuste no diesel foi feito pela Petrobras na última segunda-feira, 9, começando a valer no dia 10 de maio. Desde então, preço médio do litro passou a custar R$ 4,91 e não mais R$ 4,51.
Por hora, somente o valor do diesel será ajustado, a gasolina e o gás de cozinha permanecem inalterados. O diesel ficará mais caro após 60 dias sem nenhuma alteração no preço, a última foi em 11 de março. Na ocasião, a justificativa consistia em um reflexo da elevação nos preços de mercado.
Ao observar os últimos reajustes feitos pela Petrobras, nota-se um aumento acumulado de 47% nas refinarias da estatal. Em nota, a estatal afirmou que o movimento visa padronizar a investida de outros fornecedores de combustíveis no Brasil, os quais já promoveram ajustes nos preços de venda em relação à realidade do mercado atual.
De acordo com a Petrobras, levando em consideração a mistura obrigatória de 90% diesel A e 10% biodiesel na composição comercializada nos postos de combustíveis, a parcela da petroleira no preço pago pelo consumidor elevará a média do litro de R$ 4,06 para R$ 4,42. Destacando que este é o preço de venda na bomba.
O reajuste ocorreu enquanto as cotações tanto do diesel quanto da gasolina indicavam uma defasagem em relação ao cenário internacional. Foi observada uma disparidade de -27% para o primeiro contra -22% para o segundo.
Na última semana, os preços internacionais do petróleo registraram uma alta de 4%, situação na qual o barril tipo Brent, o mais comercializado, se manteve acima da margem de US$ 100.
Quais os efeitos políticos da greve dos caminhoneiros para Bolsonaro?
Já temendo a consolidada greve, há meses o presidente Jair Bolsonaro clamava pela compreensão dos caminhoneiros em meio à alta dos combustíveis e as ameaças da classe. Na época, Bolsonaro reforçou a necessidade do entendimento de que a decisão dos reajustes é tomada pela Petrobras e não pelo Governo Federal.
Apesar do descaso com a classe em determinado período, Bolsonaro se empenha em deliberações a favor dos caminhoneiros. Os profissionais formam a base eleitoral de Bolsonaro, e talvez esta seja a razão pela qual ele resolveu dar a devida atenção, além do possível receio em torno de um boicote em plena campanha para reeleição à presidência da República em ano de pleito eleitoral.
Uma das iniciativas de Bolsonaro neste sentido, foi a demissão do ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Albuquerque, substituindo-o por Adolfo Sachsida, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia.
A troca de chefia ocorreu devido à discordância do então ex-ministro em pressionar a Petrobras para controlar a alta dos preços dos combustíveis conforme desejado por Bolsonaro.
Impacto da greve dos caminhoneiros na economia
A economia do país ainda não se estabilizou mesmo após o período mais crítico da pandemia. A realidade pode ser vista em uma simples ida ao supermercado, açougue ou padaria. Os produtos estão cada vez mais caros, instigando o consumidor a priorizar as escolhas, trocando um item por outro de valor inferior ou até mesmo de comprar o que realmente desejava.
O encarecimento não se limita aos combustíveis e alimentos, mas sim a todos os setores que dependem do transporte rodoviário feito pelos caminhoneiros. Pois, quanto mais alto for o valor do combustível, neste caso o diesel, mais caro será o serviço prestado pela classe e pelos terceiros que dela dependem.
Em 2018, os caminhoneiros aderiram a uma greve que parou todo o país. Além do encarecimento de produtos e serviços, houve a falta de insumos como botijão de gás e os próprios combustíveis, desde gasolina, álcool e diesel.