Na última sexta-feira (29), o Itaú anunciou a compra de uma participação de 11,36% no capital social da XP, por cerca de R$ 8 bilhões, seguindo uma obrigação contratual entre as partes. Apesar disso, o banco deve se desfazer de, ao menos uma parte dessa fatia, segundo especialistas apurados pelo Valor.
No entendimento de analistas, conforme as regras de Basileia, caso um banco tenha uma participação acima de 10% em outra instituição financeira, precisa deduzí-la do seu capital regulatório. Caso a fatia seja abaixo disso, entra nos ativos ponderados pelo risco.
Conforme estativas dos analistas, caso o Itaú mantenha a fatia na XP maior do que 10%, teria um impacto no seu capital Nível 1 entre 0,7 e 0,8 ponto percentual. Ao diminuir para abaixo desse nível, o impacto reduz para aproximadamente 0,1 ponto percentual.
Perspectivas de analistas sobre a compra do Itaú de fatia na XP
Na visão do UBS BB, o Itaú já demonstrou que a participação na XP não é considerada um ativo essencial. Seu capital Nível 1 está em 13,0% — menor do que a meta interna do banco, de 13,5%.
Para diminuir o impacto desta compra na posição de capital do Itaú, analistas do UBS BB acreditam que o banco deve precisa reduzir sua participação para, ao menos, 10%. Isso representa um potencial de desinvestimento de R$ 190 milhões.
O Goldman Sachs também prevê que o Itaú venderá sua nova parcela na XP. Os analistas acreditam que o banco não a entregará diretamente aos seus acionistas — como realizou com a participação de 41,05% que possuía em 2021. O motivo é porque isso exigiria diversas comprovações regulatórias.
Os analistas indicam que, no nível atual em que as ações da XP vêm sendo negociadas na bolsa de valores, o Itaú ganharia muito pouco ao vender sua participação.
O CIti, por outro lado, tem uma perspectiva contrária ao Goldman. A visão é de que o Itaú possivelmente realizará uma nova segregação dessa adicional fatia na XP. Desse modo, seria replicado o movimento do ano passado.
O CEO do Itaú, Milton Maluhy, foi perguntado, em ocasiões anteriores, se o banco também possui a intenção de segregar essa nova fatia na XP — e entregar aos acionistas.
Segundo o executivo, no momento, isso não está definido. Apesar disso, ele declarou que essa é uma possibilidade que tem sido estudada.