Vinho brasileiro não cresce por conta de um fator; saiba qual é

A Miolo, proprietária da maior extensão de vinhedos do Brasil, com mil hectares no total, tomou a decisão de destruir 15% deles em abril de 2020. Esta medida enérgica teve que ser tomada por conta da queda acentuada nas vendas de vinho no início da pandemia. 

“De uma hora para outra, todo mundo parou de comprar e ficamos sem saber o que fazer”, relatou Adriano Miolo, diretor-superintendente, enólogo e um dos proprietários do grupo ao Valor Investe.

O grupo é o segundo maior produtor de vinhos finos no Brasil, ficando atrás apenas da empresa gaúcha Aurora, e o único entre os maiores que não são dependentes de uvas oriundas de terceiros.  

As plantações destruidas ficavam no Vale do São Francisco, na Bahia, sede da Terranova, uma das quatro vinícolas da empresa – Miolo, Seival e Almadén, as outras três, ficam no Rio Grande do Sul. “É melhor arrancar as videiras do que abandoná-las, pois a segunda opção gera peste. É um prejuízo enorme. Plantamos vinhedos para durarem 4”, disse Adriano.

De acordo com as contas da companhia de consultoria Ideal, no Brasil foram vendidos  501,1 milhões de litros em 2020, um aumento de 31% em comparação com 2019, os volumes apontados englobam do champanhe mais caro ao simples vinho de garrafão, também conhecido como “de mesa”. No último ano, foram vendidos 489,4 milhões de litros, número relativo a uma leve queda, de 2%.

A mesma entidade estimou que o consumo per capita de vinhos no país, que era de 2,15 litros por ano em 2019, subiu para subiu para 2,78 litros, um salto de 29%, e, em 2021, baixou para 2,64 litros.

Mesmo que ainda pequeno, este aumento do consumo brasileiro já é algo a se comemorar  para quem depende da venda da bebida no país.

Adriano não atribui a alta apenas em decorrência do período de isolamento social decorrente da pandemia. “Registramos um salto no primeiro ano da pandemia, é verdade, e depois uma queda. Só que de 2021 para cá houve um novo crescimento e não mais motivado pela quarentena. Concluímos que, de fato, o consumo de vinhos está aumentando no país, independentemente da covid-19”, relatou.

Em sua visão, o que atrapalha o sucesso do vinho produzido no Brasil não é a qualidade, e sim a carga tributária.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.