Segundo pesquisas do IBGE cerca de 57% dos divórcios no Brasil são motivados por problemas financeiros. Esse é um dado alarmante e que acende um alerta para a forma como estamos manejando mal o dinheiro e as nossas relações.
No último domingo, eu tive a oportunidade de conhecer um pouco mais da história e das dores financeiras de um simpático motorista de aplicativo. Assim como muitos outros pais de família, Leandro encontrou na nova atuação profissional uma alternativa para garantir alguma renda depois de ter perdido seu emprego.
Ele me contava sobre seus desafios na nova dinâmica de trabalho: os contratempos com passageiros mal-educados que acabavam gerando prejuízos financeiros, o fato de não ter mais uma renda fixa e como isso o deixava inseguro e pressionado diante de todas as contas que precisava pagar.
Por fim, ele começou a me relatar como o seu casamento começou a afundar depois do novo trabalho. Por conta das longas horas que passava ausente de casa, dirigindo e tentando garantir o necessário para a subsistência da sua família, sua esposa começou a reclamar que ele nunca tinha tempo para passear com a família.
O marido, por sua vez, argumentava, explicando que a falta de tempo era devida, justamente pela necessidade de trabalhar mais para conseguir ter mais dinheiro para suprir as necessidades da família. Sua parceira, no entanto, reclamava ainda mais, porque o amado além de não ter tempo, por mais que trabalhasse, tampouco tinha dinheiro.
A verdade é que só de pensar nos gastos que teria ao fazer um passeio com a família, o homem já se sentia absolutamente sobrecarregado e não parava de imaginar quantas horas a mais ele deveria dirigir para bancar tais “caprichos”.
O impasse parecia não ter fim e o motorista, sem saber que desabafava com uma educadora financeira, seguia se lamentando e buscando cada vez mais argumentos para comprovar para sua passageira todos os motivos que justificavam a “necessidade” de pôr fim àquele matrimônio.
Eu ouvia pacientemente e com muito pesar no coração. A verdade é que nunca é sobre dinheiro. O dinheiro nunca é um fim em si mesmo, mas sim um meio através do qual nos relacionamos com as pessoas e com os bens materiais. Por trás dos boletos, das dívidas e dos conflitos financeiros sempre existem pessoas que nutrem sonhos e amarguram frustrações.
O marido se sentia incompreendido pois todo seu esforço dirigindo por horas a fio para proporcionar alguma qualidade de vida para sua família não era reconhecido e soava como insuficiente para sua amada.
A mulher também se sentia incompreendida, afinal, a despeito de todas as palavras agressivas que desferia contra o esposo, tudo o que ela mais almejava era poder desfrutar da presença e de algum tempo de qualidade com ele e com os filhos, todos juntos.
Ambos discutiam por um bem, cada um defendendo o seu ponto de vista, mas, aparentemente, a motivação deles era a mesma: o cuidado e o bem-estar da família. O problema não era financeiro, mas sim de clareza sobre as prioridades e de comunicação.
Se você se identificou de alguma forma com a história do Leandro, eu tenho 3 conselhos para você:
Dedique tempo para crescer em autoconhecimento
Quais são as coisas mais valorosas desse mundo para você? Se repentinamente você tivesse que fugir da sua cidade por um motivo qualquer, talvez por uma guerra ou por um incêndio ou por qualquer outro evento extraordinário, o que ou quem você precisaria manter a salvo?
Em uma escala de zero a dez, o quanto essas pessoas ou essas coisas são importantes para você?
Agora, reflita, com sinceridade, você acredita que a forma como você vem gerenciando o seu dinheiro e o seu tempo está realmente condizente com o valor que essas pessoas ou essas coisas representam na sua vida?
Se você acredita que não está sendo fiel o suficiente aos seus valores mais íntimos, o que você poderia começar a fazer hoje para mudar isso?
Dedique tempo para conhecer as prioridades do seu cônjuge
Você sabe quais são os valores pessoais do seu cônjuge? Você já dedicou tempo para ouvir e descobrir quais são os seus sonhos e os seus desejos mais íntimos? Você realmente se interessa pelas prioridades da pessoa com a qual você está se relacionando?
Você está disposto a sacrificar ou negociar algum interesse pessoal para viabilizar a realização de um sonho do seu cônjuge? Você está disposto a sonhar também os sonhos desta pessoa?
Desenvolva as suas habilidades de comunicação
Você sabe comunicar o que é importante para você? Você consegue expressar isso em forma de pedidos? Como você lida quando seus pedidos são negados? Você entende que seus pedidos não são ordens e que o outro é livre para atendê-los ou não?
Você está aberto ao diálogo? Você presta atenção nas necessidades e pedidos que seu cônjuge faz e se importa com eles? Vocês conseguem fazer planos juntos para alcançar os objetivos em comum e individuais?
Dois livros excepcionais e que podem contribuir muito com uma comunicação mais efetiva e empática para casais são:
– As 5 linguagens do amor, de Gary Chapman.
– Comunicação não violenta, de Marshall Rosenberg
E aí, gostou desse artigo? Espero que eu tenha conseguido ajudar! Mas se tiver alguma dúvida ou comentário, pode falar comigo clicando aqui.