Problemas financeiros fazem brasileiros parcelarem até pagamento de alimentos

Brasileiros tem o poder de compra e venda cada vez mais reduzidos. Nos últimos tempos, a população vem recebendo informes recorrentes sobre os reajustes em produtos e serviços. Um levantamento realizado pela DMCard, administradora de cartões de crédito private label, relevou que os cidadãos estão parcelando até mesmo o valor de suas feiras. Entenda.

O cenário de crise econômica é cada vez mais intenso no Brasil. Para quem recebe apenas um salário mínimo, a manutenção das despesas tem se tornado uma questão de sobrevivência. Com a inflação registrando um dos indicativos mais altos da história, o poder de compra e venda está reduzido.

Parcelamento da feira

Um hábito nada saudável na educação financeira passou a ser adotado por milhares de famílias. Sem saldo na conta, muitas estão parcelando itens básicos de consumo, como alimentos, produtos e limpeza, entre outros.

Os itens do dia a dia estão sendo substituídos por marcas mais baratas, porém ainda assim é possível identificar uma falta de recorrência nos caixas dos supermercados. De modo geral, o brasileiro passou a viver um dia de cada vez, sem a possibilidade das conhecidas e necessárias compras mensais.

A DMCard, administradora de cartões de crédito private label — os cartões de loja —, contabilizou um crescimento de 61% em 2021. Isso significa dizer que os serviços de crédito estão cada vez mais em alta. Somente em 2020, o volume da carteira da marca foi de R$ 809 milhões.

No que diz respeito ao volume de pagamentos, os cartões DMCard movimentaram R$ 4 bilhões no ano passado. O valor representa um crescimento de 37% comparado ao ano anterior. O tíquete médio foi de R$ 163,95, um crescimento de 11% acima do verificado em 2020, que foi de R$ 147,98.

Média dos preços da cesta básica em São Paulo

  • Valor da cesta: R$ 639,47
  • Variação mensal: -2,24%.
  • Variação no ano: 1,27%.
  • Variação em 12 meses: 23,03%.
  • Produtos com alta de preço médio em relação a janeiro: carne bovina de primeira (1,85%), açúcar refinado (1,07%), banana (1,02%), pão francês (0,58%) e café em pó (0,53%).
  • Produtos com redução de preço médio em relação a janeiro: tomate (-18,22%), batata (-11,09%), óleo de soja (-4,16%), leite integral (-3,20%), feijão carioquinha (-2,87%), arroz agulhinha (-2,71%), farinha de trigo (-1,80%) e manteiga (-0,86%). Jornada necessária para comprar a cesta básica: 127 horas e 53 minutos.
  • Percentual do salário mínimo líquido gasto para compra dos produtos da cesta para uma pessoa adulta: 62,85%.

Eduarda AndradeEduarda Andrade
Doutoranda e mestra em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a coordenação de edição dos Portais da Grid Mídia e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas socias e economia popular. Iniciou sua trajetória no FDR há 7 anos, ainda como redatora, desde então foi se qualificando e crescendo dentro do grupo. Entre as suas atividades, é responsável pela gestão do time de redação, coordenação da edição e analista de dados.