- Os Fiagros permitem acesso a um dos setores que mais cresce no Brasil;
- Pessoas físicas podem ter isenção de Imposto de Renda concedidos pelo Fiagro;
- Investidores ainda devem se atentar aos possíveis riscos da aplicação.
A agricultura tem sido um dos principais setores da economia brasileira. Para quem deseja investir neste segmento, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, disponibiliza os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros). Estas aplicações estão disponíveis desde agosto do ano passado.
O Fiagro agrupa os recursos de diversos investidores para a aplicação em ativos de investimentos do agronegócio. Os ativos podem ser de natureza imobiliária rural ou de atividades relativas à produção do setor.
O administrador do fundo tem a responsabilidade de fazer a captação dos valores com os investidores. Isso acontece por meio da venda de cotas.
Segundo regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para os Fiagros, estas aplicações podem ser desenvolvidas dentro de três modalidades:
- Imobiliários (Fiagro-FII): Fundos com ativos imobiliários, constituídos nos termos da Instrução CVM 472.
- Direitos Creditórios (Fiagro-FIDC): Fundos de investimento voltados para a agroindústria que apliquem em direitos creditórios, constituído nos termos da Instrução CVM 356.
- Participações (Fiagro-FIP): Fundos de investimento em participações em sociedade, constituídos nos termos da Instrução CVM 578.
Um levantamento realizado pela Economatica, a pedido do InfoMoney, aponta a existência de quase 30 Fiagros que são negociados na B3. Muitos destes já oferecem dividendos mensais — com retornos na faixa de CDI mais 5% ao ano.
Ainda existem outros fundos que oferecem acima de CDI mais 8%. Diante disso, novos aportes têm sido atraídos, de forma a levar à estruturação de fundos que, nos próximos meses, devem acessar o mercado.
Vantagens dos Fiagros
Segundo a B3, estas são as vantagens dos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais:
Facilidade:
- Investir em ativos das cadeias produtivas agroindustriais sem precisar efetuar a compra de um imóvel rural.
- Não há a necessidade de desembolsar toda a quantia geralmente exigida para aplicar em um imóvel.
- Todas as tarefas ligadas à administração de um imóvel rural ficam sob responsabilidade dos profissionais encarregados pelo fundo: procura dos imóveis rurais, impostos, manutenção, trâmites de compra e venda, entre outros.
Diversificação:
- Há a possibilidade de ter mais diversificação com tipos de ativos do mercado industrial, como, por exemplo, imóveis rurais, participação em sociedades e ativos financeiros que façam parte da cadeia produtiva industrial.
Característica do produto:
- A receita do investimento é distribuída periodicamente para os cotistas.
Elevação nos preços do fundo resulta em valorização do valor das cotas devido ao aumento do patrimônio do fundo. - Pessoas físicas possuem isenção de Imposto de Renda oferecidos pelo Fiagro, desde que:
- As cotas do Fiagro sejam admitidas à negociação, de forma exclusiva, em bolsas de valores ou no mercado de balcão organizado;
- O fundo escolhido tenha, ao menos, 50 cotistas.
Principais riscos relacionados aos Fiagros
Conforme especialistas consultados pelo InfoMoney — mesmo que sejam altos os prêmios pagos pelos ativos do agronegócio — o investidor deve se atentar à composição e diversificação de cada carteira. Os interessados também precisam verificar a qualidade das garantias oferecidas pelas companhias.
O investimento pode financiar um ativo imobiliário ou um produtor. Por exemplo, caso tenha alta no preço de algum insumo, pode existir impacto nos ativos financiados no fundo.
O sócio responsável pelos fundos de recebíveis imobiliários e pelo Fiagro da Kinea, Flávio Cagno, destaca a importância de entender o risco de rentabilidade da companhia financiada, a qualidade do ativo que está financiando, e se a garantia concedida tem valor de liquidação.
Ele também reforma a necessidade de compreender a perpetuidade do produtor ou da empresa. Segundo Cagno, principal instrumento usado nos fundos é o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio). Alguns possuem garantia, mas outros, não.
De acordo com o sócio e gestor do Fiagro da F/GA, Paulo Tarso Fleury de Lima, outro fator importante é a especialização do gestor.
O sócio responsável pela área de agro da Valora Investimentos, Guilherme Grahl, um dos pontos mais relevantes a se considerar é se o papel está lastreado com boas garantias. Ele também destaca a dinâmica de pagamento de dividendos.
Grahl ainda cita as culturas associadas à companhia do agro, riscos que está exposta, dinâmica de liquidez, além do conhecimento do gestor para verificar o perfil dos papeis para escolher a carteira.
Segundo a asset, para rentabilizar rapidamente o investidor, há a necessidade de existir velocidade na alocação dos ativos. Grahl alega que os CRAs precisam estar disponíveis quando do IPCA para alocação imediata do capital. Caso contrário, “o dinheiro fica queimado na mão”.