Gestoras de fundos de investimentos estão se protegendo em relação à guerra; saiba onde estão investindo

Por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, as gestoras de fundos de investimentos tiveram que realizar um rápido ajuste em seus portfólios. Os fundos ainda consideram aumentar aplicações em ouro físico ou mineradoras de metal, conforme especialistas consultados pelo InfoMoney.

Gestoras de fundos de investimentos estão se protegendo em relação à guerra; saiba onde estão investindo
Gestoras de fundos de investimentos estão se protegendo em relação à guerra; saiba onde estão investindo (Imagem: Montagem/FDR)

Para suportar os trancos — depois de um mês de ganhos com ações ligadas a matérias-primas e bancos —, a receita das gestoras foi subir a alocação em papéis ligados a comodities energéticas, principalmente petroleiras. Ainda houve alta em empresas agrícolas, frigoríficos e companhias de fertilizantes.

Os papéis de siderúrgicas foram mantidos. As gestoras também deram prioridade para ações de empresas que não dependem de intermediários para o desenvolvimento de matéria-prima.

Gestoras de fundos de investimentos observam as petroleiras

Por conta do início da guerra, a gestora Encore Asset Management, por exemplo, subiu consideravelmente a exposição em Tenaris (TISS34). Esta é uma companhia estrangeira que fabrica tubos para a indústria, segundo explicado pelo sócio e analista de investimentos da Encore, João Lorenzi.

A razão é que os Estados Unidos deverão apostar no petróleo doméstico — cada vez mais. Neste cenário, o investimento precisará elevar bastante, o que pode ser favorável para companhia como a Tenaris.

A Vista Capital, em carta enviada a clientes, também indicou que tem uma visão de aumento para o petróleo. A gestora alega que esta continua sendo a principal posição de um de seus fundos multimercados.

Ao mesmo passo, a gestora optou por transferir parte do risco da exposição ao petróleo em si — para ações de petroleiras.

A Vinland Capital tem elevado a posição em papéis de commodities energéticas, agrícolas e fertilizantes. A gestora, por outro lado, veio reduzindo a exposição que tinha em bancos.

Essa realocação ocorreu antes do começo da guerra, conforme citado por Humberto Meireles, da equipe de gestão de ações da gestora.

Gestoras se atentam às commodities agrícolas, frigoríficos e fertilizantes

Em fevereiro, a Vinland Capital aumentou, lentamente posições em commodities agrícolas e fertilizantes. No setor de fertilizantes, os nomes de preferência são SLC Agrícola (MOSC34) e São Martinho (SMTO3). Estes podem ser favorecidos por uma alta na geração de caixa.

Sobre as commodities agrícolas, há preferências por empresas como a americana Mosaic (MOSC34) e canadense Nutrien. Estas são grandes produtoras.

Em alguns portfólios, podem se tornar mais relevantes posições em frigoríficos. O sócio-fundador da gestora Skade Capital, Alexandre Steinberg, alega que a casa pode ir subindo a exposição a ações mais relacionadas a frigoríficos e alimentos — com o prosseguimento da guerra e chegada das eleições.

A casa prefere BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3). Isso porque as duas são muito ligadas a preços internacionais.

A Safari Capital também aposta em frigoríficos para a carteira — em um panorama conturbado, juntamente com ações ligadas ao minério de ferro, petróleo e celulose.

Ouro também pode ser considerado pelas gestoras

As gestoras não descartam a chance de elevar posições em ouro — por investimento direto ou por ações de mineradoras. Dentre as gestoras, está a Vinland. Atualmente, casa tem alocação em companhias estrangeiras Aura Minerals (AURA33), Barrick Gold, Franco-Nevada e Newcrest Mining.

O motivo para o otimismo com mineradoras de ouro tem relação com esse motivo: os principais vetores de ouro estão se alinhando, conforme citado por Meireles. Ele explica que a inflação, com desenvolvimento menor e risco políticos posem ser favoráveis para o metal.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.