IPI: entenda como a redução do imposto pode beneficiar Magalu, Via e Natura

Pontos-chave
  • A Magalu, Via e Natura devem ser as maiores favorecidas pelo corte do IPI;
  • Ainda existem empresas que podem ser negativamente afetadas pela medida;
  • A medida do governo estabelece dois percentuais de redução do IPI.

Na última sexta-feira (25), o governo federal anunciou a isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a maioria dos produtos. A alíquota foi diminuída entre 18,5% a 25%. Entenda como essa redução do imposto pode beneficiar Magalu, Via e Natura, segundo análise da XP Investimentos.

IPI: entenda como a redução do imposto pode beneficiar Magalu, Via e Natura
IPI: entenda como a redução do imposto pode beneficiar Magalu, Via e Natura (Imagem: Montagem/FDR)

Conforme o presidente Jair Bolsonaro, a medida busca incentivar a indústria e comércio local, reaquecer a economia e gerar empregos. Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, essa redução deve ser somente o início de um processo gradual de corte desse imposto.

Varejistas devem se beneficiar da redução do IPI

Os analistas da XP mapearam a aplicação do IPI para os principais produtos que afetam as ações de cobertura da corretora. Segundo levantamento, os impostos aplicados em linha branca e eletrônicos variavam de 5% a 35%, e em cosméticos de 0% a 42%.

Os analistas da XP ainda ressaltam que grande parte dos produtos finais dos setores de alimentos, medicamentos, vestuário e calçados não pagavam IPI. Apesar disso, estes setores podem ser favorecidos porque algumas matérias-primas arcam com o imposto.

A corretora destaca o posicionamento do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi dito que a redução é muito positiva — e deve contribuir a arrefecer a inflação (pois 23% do IPCA é atrelado a produtos industriais), além de fomentar a demanda por essas categorias.

Diante disso, a XP entende esse posicionamento como uma indicação de que a indústria deve repassar o corte para os preços.

Governo espera reaquecer a economia com a redução do IPI
Governo espera reaquecer a economia com a redução do IPI (Imagem: Montagem/FDR)

Magalu, Via e Natura&CO devem ser as maiores favorecidas pelo corte do IPI

A XP aponta que as varejistas Magalu e Via, além da varejista e fabricante de cosméticos Natura&CO estão entre as mais favorecidas pela redução no IPI.

O motivo é que isso deve proporcionar menos custos — que deve ser repassado totalmente para os preços finais para subir a demanda, ou ser incorporado parcialmente nas margens.

Além dessas três empresas, a XP acredita que a Alpargatas deve ser favorecida. Isso porque suas principais matérias-primas (butadieno e borracha sintética) estão sujeitas ao tributo.

A corretora ainda alega que as farmácias e o varejo alimentar podem ser impactados positivamente por menores valores em parte do seu mix de vendas — e um poder de compra mais preservado.

Empresas que devem ser menos beneficiadas pela diminuição do IPI

Entre as companhias menos favorecidas estão as que eram isentas de IPI por produzirem na Zona Franca de Manaus. A medida diminui os benefícios fiscais e, consequentemente, a competitividade. Neste cenário, se encontram a Multilaser e Vivara — ações cobertas pela corretora.

De qualquer modo, o ministro Paulo Guedes reforçou que o governo se preocupa em não prejudicar a região, enquanto as empresas com operações lá devem procurar alternativas para proteger sua competitividade.

O decreto que diminuiu o IPI em até 25%

Na semana passada, o presidente editou um decreto que diminui o IPI, em até 25%, para grande parte dos produtos. Apesar de buscar estimular a economia, a medida exigirá uma renúncia fiscal. De acordo com o Palácio do Planalto, o governo deixará de arrecadar, neste ano, R$ 19,5 bilhões.

O tributo incide sobre produtos industrializados. A quantia tende a ser repassada ao consumidor — no valor final das mercadorias. O IPI conta com diversas alíquotas, que variam, na maioria, de 0% a 30%. Contudo, a alíquota pode chegar a 300%, na situação de produtos nocivos à saúde.

O decreto estabelece dois percentuais de diminuição:

  • 25% para produtos industrializados nacionais e importados, com exceção de produtos nocivos à saúde;
  • 18,5% para alguns veículos.

Em nota, o ministério da Economia declarou que o setor industrial vem perdendo competitividade.

Neste sentido, a pasta alega que o corte da carga tributária e a menos variabilidade das alíquotas entre os segmentos auxiliam nacorreção da má alocação dos recursos produtivos e na elevação do nível de produção no longo prazo”.

Por ser um tributo regulatório, o IPI pode ser modificado por decreto presidencial — sem a necessidade de aval do Congresso.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.