Empréstimos consignado estão em crescimento no Brasil; como funcionam?

Pontos-chave
  • Empréstimo consignado bateu recorde em 2021
  • Aposentados e pensionistas são os que mais buscam este tipo de empréstimo
  • Mesmo com todos benefícios e diferencias, é precioso ter cautela no momento da contratação

No último ano, o volume do crédito consignado, aquele que as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento, bateu recorde, com um montante de R$513,5 bilhões contratados em dezembro. Segundo o Banco Central, este é o maior patamar já contabilizado para este tipo de empréstimo.

O saldo total do último mês do ano passado aumentou 14% em comparação com dezembro de 2020, quando o montante foi de R$439 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o aumento foi de 17%, num total de R$ 5,7 trilhões, paralelo ao período da segunda onda da pandemia de Covid-19.

O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo em que as parcelas são descontadas mensalmente direto do benefício previdenciário. Além dos aposentados e pensionistas do INSS, os trabalhadores com carteira assinada e os servidores públicos também podem pedir o crédito. Nestes casos, o valor das parcelas é desconto da folha de pagamento.

Por conta do baixo risco de inadimplência, os juros cobrados na modalidade são bem menores. Os aposentados e pensionistas são os que mais buscam este tipo de empréstimo. O valor máximo emprestado depende de quanto eles recebem por mês para que a renda não seja comprometida.

Desde o início deste ano, o limite é de somente 30% no empréstimo pessoal e 5% para gastos com cartão de crédito consignado. Sendo assim, o banco não poderá descontar um valor maior que o limite determinado pela margem do consignado. O teto de juros também passou por mudanças, saltado de 1,8% para 2,14% ao mês. Nas operações efetuadas com cartão de crédito, a taxa subiu de 3% para 3,06% ao mês.

Na visão do economista Josilmar Cordenonssi, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, este crescimento na quantidade de empréstimos consignados retrata a dificuldade que os brasileiros estão enfrentando para em manter o padrão de consumo.

“De maneira geral, você está aumentando o crédito para basicamente financiar o consumo. As famílias estão vendo sua renda cair e, talvez, para manter o mínimo de conforto, estão recorrendo a esse tipo de crédito, pensando em uma situação temporária. Mas isso é arriscado, porque pode piorar ainda mais (a situação), caso a família não consiga realmente aumentar a renda”, explicou ele ao R7.

Josimar também falou que a alta na quantidade de empréstimos pode atrapalhar a retomada da economia no período de pós-pandemia. “A economia deverá crescer em um ritmo mais lento, porque a capacidade de se endividar das pessoas para aumentar o consumo vai ser menor. Em vez de consumirem, as famílias estarão pagando dívidas antigas. A demanda tende a ser menor nessa recuperação”, disse.

Aposentados e Pensionistas 

Cerca de 40% de todo o volume de empréstimos é tomado por aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em dezembro do ano passado, o consignado para os segurados atingiu um montante de R$ 192,4 bilhões contratados.

Através de nota, o INSS disse que o consignado é celebrado através de um contrato particular feito entre a instituição bancária e o segurado e que o instituto orienta que os mesmos não repassarem dados como senhas e informações bancárias a estranhos, especialmente, por telefone.

Cautela é necessária 

Esta modalidade de empréstimo pode ser uma saída para quem precisa de dinheiro rápido pagando taxas de juros mais baratas. Porém, segundo a gerente de eCred da Serasa, Amanda Rapouzo, mesmo com todos benefícios e diferencias, é precioso ter cautela no momento da contratação do empréstimo consignado.

“Além de pesquisarem a idoneidade das empresas que oferecem esse modelo de empréstimo, o aposentado ou seus familiares devem mapear os eventuais riscos que envolvem a operação para, de fato, aproveitar as melhores oportunidades do mercado e as mais adequadas para o seu bolso”, disse ela ao portal R7.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.