Ao longo dos últimos dois anos, o preço dos carros usados no Brasil cresceu de forma acentuada e assustou grande parte dos consumidores. Este aumento pode ser explicado em parte pela falta de chips para produção de carros 0 km, segundo a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores). Esta escassez de chips reduziu a produção de no mínimo 300 mil novos veículos no último ano.
Os preços em alta impulsionaram a venda de carros seminovos e usados, que aumentou 17,8% no último ano, ficando acima da marca de 15 milhões unidade vendidas.
Crescimento recorde
O setor de veículos usados e seminovos, geralmente tende a marcar um crescimento de 3% a 4% em média por ano. Sendo assim, este crescimento de quase 18% é o maior já registrado na história do país. Apenas no mês de dezembro, foram vendidos cerca de 1 milhão de veículos seminovos e usados no país.
Porém, este movimento teve seu lado negativo, impactando os preços. Este crescimento recorde de vendas para este tipo de veículo fez com que a alta nos preços superasse a dos veículos novos, deixando-o mais caros. O IPVA também deve subir em torno de 23%, de acordo com especialistas.
A Fenauto informou ainda que outros fatores fora a produção em baixa de novos veículos, estimulou as vendas de veículos usados e seminovos. Entre estes motivos estão a necessidade de dinheiro para pagar contas, o que fez com que os motoristas vendessem seus carros e comprassem um mais barato, uma oferta maior de crédito para financiamentos, entre outros.
Situação deve melhorar no segundo semestre
A Fenauto prevê que a fabricação de carros 0 km deve se normalizar no segundo semestre. Por outro lado, alguns especialistas consideram que a falta de chips e de outros componentes deve perdurar até 2023, muito em razão do desbalanceamento provado entre oferta e demanda.
Estes fatores acabaram refletindo nos preços dos seminovos e usados. Os analistas avaliam que isto também deve mudar a partir do segundo semestre.
“Com a retomada mais forte da produção de carros zero essa diferença sumiu. Não faz sentido um usado ser mais caro que o zero”, disse ao Globo o especialista do setor automotivo, do Instituto de Desenvolvimento Educacional da FGV, Antônio Jorge Martins.