Propaganda do Bradesco gera grande confusão com pecuaristas; saiba o que aconteceu

Pontos-chave
  • Campanha do Bradesco gera polêmica entre pecuaristas
  • Banco propôs "Segunda sem Carne"
  • Manifestações tiveram distribuição de carne na frente de agências do Bradesco

Nesta segunda, 3, pecuaristas do Mato Grosso fizeram uma manifestação em frente à agência do Bradesco, em Cuiabá. O motivo do protesto foi a publicação de um vídeo no final do ano passado, que incentivava a diminuição no consumo de proteína animal. Entidades também propuseram uma parceria com o banco para neutralizar as emissões dos clientes através do uso da vegetação nativa preservada pelos produtores rurais. 

Na manifestação que durou cerca de três horas, foram distribuídos 1,5 mil espetinhos, o que representou cerca de 150 quilos de carne bovina, para todas as pessoas que passavam pela região. É estimado que 1.000 pessoas tenham comido o espetinho da “segunda com carne”, movimento liderado por entidades de produtores do Estado.

“Nosso objetivo nesse evento foi demonstrar o ledo engano de quem acha que promover uma redução no consumo de carne poderá de alguma forma ajudar o planeta. Temos todo respeito por quem tem a opção de não comer carne, por outro lado temos plena consciência, amparada pela pesquisa, de que a carne é um alimento indispensável a uma dieta saudável e todas as fases da vida”, disse o diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi ao Valor Investe.

Já no Pará, o movimento dos pecuaristas distribuiu 5,5 toneladas de carne para a população mais pobre da cidade. “O critério era distribuir a carne para quem cartão do Auxílio Brasil e do Bolsa Família. Foram 2 quilos de carne por família”, disse Enric Lauriano, empresário rural no Pará.

Através de uma carta entregue ontem ao Bradesco, a Acrimat, Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (Nelore-MT), o Sindicato Rural de Cuiabá e a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) voltaram a criticar a posição do Bradesco e fizeram um convite ao banco a “conhecer melhor um pouco da realidade da produção pecuária” no Estado.

“Propomos um diálogo com uso da vegetação nativa para neutralizar as emissões de seus clientes e do banco nas propriedades rurais”, dizia a carta.

É importante destacar que o Bradesco já se desculpou e postou um vídeo apoiando o agronegócio.

Porém, apesar desta resposta do Bradesco de que apoia o agronegócio, Francisco Manzi afirma que é necessário dialogar com quem recebeu essa mensagem. “Mais importante do que responder a quem falou, nosso objetivo foi falar com quem ouve e demonstrar nossa indignação à ação de quem se volta contra o setor, e mostrar ao público consumidor o que está por trás de toda a cadeia, além do sabor e qualidade inigualáveis da carne”.

Outras manifestações aconteceram em Araguaína (TO), Araçatuba (SP) e Rondonópolis (MT).

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Entenda a polêmica 

O Bradesco lançou recentemente, uma solução em que seus clientes podem calcular sua emissão de carbono por dia. Focando na sustentabilidade, um vídeo foi publicado e nele eram dadas dicas de como diminuir a pegada de carbono com mudanças no dia a dia.

Este vídeo, que já foi retirado do ar, causou uma polêmica enorme com os clientes do agronegócio do Bradesco, pois uma dessas dicas para reduzir a pegada de carbono era diminuir o consumo de carne. 

As personagens do vídeo explicam a prática de comer um prato sem carne ao menos um dia da semana, às segundas feiras, no movimento que ficou conhecido como Segunda Sem Carne.

“A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa, então, que tal se a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?”, sugeria o vídeo.

A peça publicitária repercutiu de forma negativa entre políticos e entidades ligadas ao agronegócio. Após toda repercussão negativa, o Bradesco divulgou uma carta dizendo que “acredita e promove direta e indiretamente a pecuária brasileira e, por conseguinte, o consumo de carne bovina”.

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.
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