- O Ibovespa passa por perda mensal pelo quinto mês consecutivo;
- A TIM teve a maior valorização do Ibovespa em novembro;
- A Natura registrou a maior queda mensal.
Nesta terça-feira (30), o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores Brasileira (B3) encerrou a sessão com recuo de 0,87%, aos 101.915 pontos. Este foi o menor patamar desde 6 de novembro de 2020, quando fechou em 100.925 pontos. No mês de novembro, o índice da bolsa brasileira teve queda de 1,53%.
O resultado de novembro representa o quinto mês seguido de perda para o Ibovespa. A última valorização mensal foi em junho, de 0,46%. Na mínima desta terça, o índice recuou a 100.074 pontos. A Bolsa não termina abaixo dos 100 mil pontos desde 4 de novembro de 2020.
Motivos que afetaram o desempenho recente da bolsa brasileira
Entre os motivos que afetaram o desempenho do Ibovespa, está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O texto prevê o atraso no pagamento dos precatórios — que são as dívidas judiciais do governo. O governo busca driblar o teto de gastos para financiar o novo programa Auxílio Brasil.
Ao InfoMoney, o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, afirma que, atualmente, “os principais problemas para a bolsa brasileira são locais”. Segundo ele, a “preocupação não é apenas de onde virá o recurso” para o novo auxílio governamental, “mas até onde pode ir a gastança”.
Nesta terça, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado, aprovou a PEC dos Precatórios. Agora, o texto será analisado em plenário.
A performance do Ibovespa também foi afetada pela elevação da taxa Selic. No final de outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros para 7,75%.
Ao Estadão, o analista de investimentos da Toro, Helder Wakabayashi, alega que este movimento incentiva os investidores a direcionar os aportes para a renda fixa.
A elevação da Selic ainda afeta os resultados das empresas. Segundo o analista da 02 Research, Mário Goulart, ao Estadão, as companhias — com dívidas atreladas à taxa — passam por redução nas margens de lucro. Com a alta da Selic, é preciso desembolsar mais dinheiro para pagar os débitos.
Nos últimos dias, outra razão que vem preocupando os investidores é a nova variante do coronavírus, o ômicron. Diversos países da Europa têm registrando surto de casos da doença. Ainda há incertezas sobre a variante, o que deixa os mercados mundiais em alerta.
Ações do Ibovespa que mais subiram em novembro
- TIM (TIMS3) – variação de 22,99%
- Locamerica (LCAM3) – variação de 17,44%
- Dexco (DXCO3) – variação de 16,25%
- Iguatemi (IGTI11) – variação de 14,98%
- Energisa (ENGI11) – variação de 14,82%
Ocupando o primeiro lugar da lista, as ações ordinárias (ON, com direito a voto em assembleia de acionistas) da TIM Brasil foram favorecidas por algumas notícias pontuais da empresa.
Ao Valor, o especialista de mercado da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, destaca que o principal ponto favorável foi a proposta da gestora de fundos norte-americana KKR para compra a Telecom Itália — que controla a TIM no Brasil.
No dia que aconteceu a oferta, Crespi explica que “houve um boato de que a KKR queria aumentar a proposta antiga, de 0,50 euros por ação, para algo em torno de 0,70 e 0,80 euros.
O mercado ainda reagiu favoravelmente às notícias relativas ao acordo de colaboração entre a empresa americana Qualcomm e a TIM Brasil.
Conforme o especialista, a medida visa desenvolver um plano técnico para atrair fornecedores de equipamentos para inserir a infraestrutura das redes 5G — utilizando soluções Open RAN.
Ações do Ibovespa que mais caíram em novembro
- Grupo Natura – variação de -31,39%
- Locaweb – variação de -27,92%
- Magazine Luiza – variação de -27,84%
- Assaí – variação de -16,61%
- Banco PAN – variação de -15,27%
No caso da Natura &Co, que teve a maior desvalorização mensal, o mercado respondeu negativamente ao balanço trimestral da empresa. No período, o lucro da companhia teve queda de 28,5% em relação ao mesmo período de 2020.
Conforme Rodrigo Crespi, ocorreu uma pressão das margens operacionais e brutas da Natura. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) registrou redução de 45%.
Outro aspecto negativo, segundo o especialista de mercado, foi acerca da aquisição da Avon. Conforme ele, o mercado observa uma demora na incorporação da Avon.
Como resultado, Crespi afirma que “isso tem ocasionado uma revisão para baixo das possíveis sinergias a serem criadas com a compra realizada pela Natura”.