No Ceará, Bolsa Família passa por cortes afetando mais de 1,7 mil cidadãos. Nessa semana, uma reportagem especial do Diário do Nordeste contou a dificuldade daqueles que tiveram seus abonos sociais cancelados. Centenas de mães de família lutam para alimentar seus filhos uma vez em que o governo federal os excluiu.
Em plena crise econômica que vem registrando uma das maiores inflações da última década, o governo federal explicou novos cortes dentro do Bolsa Família.
Cerca de 1,7 mil cadastros foram suspensos, no Ceará, sem grandes justificativas. Ao tentar reverter a situação os beneficiários são negligenciados pela gestão pública.
Cortes no Bolsa Família
A região mais afetada pela redução no BF é o Nordeste, justamente o grupo onde Bolsonaro tem a menor aceitação eleitoral. Em meio aos impactos do novo coronavírus, nos últimos cinco meses, foram realizados uma série de cortes dentro do programa.
Segundo os dados levantados pelo Diario do Nordeste, mais de 1,7 mil famílias cearenses tiveram o benefício suspenso pelo Governo Federal. Segundo dados do Cadastro Único (CadÚnico), em maio deste ano, 1.105.467 recebiam o auxílio. Em outubro, eram 1.103.697 famílias atendidas no Ceará.
Cidadãos relatam suas dificuldades
Maria da Vitória, de 29 anos, foi uma das afetadas pelo pente fino do governo. Mãe solteira de dois filhos, sem emprego, ela tinha o Bolsa Família como sua principal fonte de renda.
“Eu fiquei doida porque eu estava desempregada. Tinha noite que eu não estava nem conseguindo dormir direito porque eu sabia que era um direito meu e eu não estava conseguindo receber”, afirma em entrevista reproduzida no Diário do Nordeste.
Sem saber o motivo pelo qual seu cadastro foi suspenso, ela passou a acompanhar os registros de sua família pela internet na esperança de ter o valor retomado.
“Eu olhava no aplicativo que mandava eu entrar em contato com aquele número 121. Só que eu não tinha telefone fixo para isso e só ligava de telefone fixo para esse número. Aí quando eu fui ver pessoalmente, eles já tinham cortado”.
Diante da falta de retorno e justificativa, foi buscar informações nos centros de assistência social para voltar novamente a folha de pagamentos.
“O número do meu PIS foi duplicado e estava vinculado ao de uma mulher de outro estado que trabalhava e ganhava quase 3 mil reais. Com a Defensoria Pública, eu lutei pelo benefício por um ano. Depois disso, eu recebi as parcelas e estou esperando meu Bolsa Família regularizar”.