Reflexos da energia mais cara no resultado do PIB e nas vagas de emprego

Pontos-chave
  • A CNI estima que elevação na conta de luz deve diminuir o PIB brasileiro;
  • Este cenário deve provocar redução nas vagas de emprego;
  • Nova bandeira deve elevar a conta de luz em 16,87%.

Diante da pior crise hídrica dos últimos 90 anos, o Brasil vem passando por altas no preço da conta de luz. Por conta disso, o país pode passar por consequências negativas. O estudo, sobre os reflexos da energia mais cara, foi publicado pela Confederação Nacional da Indústria nesta quarta-feira (3).

Reflexos da energia mais cara no resultado do PIB e nas vagas de emprego
Reflexos da energia mais cara no resultado do PIB e nas vagas de emprego (Imagem: Montagem/FDR)

De acordo com a CNI, o aumento no preço da conta de luz resultará em uma diminuição de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) — em comparação ao que aconteceria sem a crise energética. Já para 2022, a projeção é de perda de R$ 14,2 bilhões.

A confederação prevê que, em 2021, o consumo das famílias diminuirá em R$ 7 bilhões. Para as exportações, as perdas estimadas são de R$ 2,9 bilhões. Já com relação ao emprego, a CNI projeta que haverá menos 116 mil postos de trabalho.

Os dados também apresentam que, neste ano, o PIB industrial — que abrange industrias extrativa e de transformação, serviços industriais de utilidade publica e a construção — deve cair R$ 2,2 bilhões em relação ao que seria sem a alta de custo da energia elétrica.

Apenas considerando o PIB da indústria de transformação, a queda projetada é de R$ 1,2 bilhão neste ano.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirma que a crise hídrica é causada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Por conta disso, a produção de energia mais barata se torna limitada. Como resultado, há a necessidade de utilizar as termoelétricas, que são mais caras.

São somadas à crise hídrica, ainda, a alta tarifa da energia elétrica no Brasil. Existem 16 encargos, imposto e tarifas setoriais incorporados à conta de luz — e representam 47% do custo total da tarifa de energia.

Conforme a confederação, antes mesmo da crise hídrica, o custo de energia elétrica já era um dos grandes entraves à elevação da competitividade da indústria nacional.

Reflexos da energia mais cara em 2022

A CNI informa que a crise hídrica também causará impactos no próximo ano. Em 2022, a alta no valor da energia elétrica provocará uma perda no PIB industrial de R$ 3,8 bilhões a preços de 2020 — em relação ao que aconteceria sem os impactos da crise.

Sobre o PIB da indústria de transformação, o estudo estima uma perda de R$ 1,7 bilhão.

Com relação ao emprego, o impacto é de uma perda de aproximadamente 290 mil postos — em comparação ao número de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021.

A confederação informa que o consumo das famílias cairá em R$ 12,1 bilhões. O impacto na inflação é de mais 0,41%. Já a exportações devem ter diminuição de aproximadamente R$ 5,2 bilhões.

Nova bandeira aumentará em 16,87% a conta de luz

Devido aos aumentos constantes das bandeiras tarifárias neste ano, o reajuste acumulado chega a 127,5% no valor da bandeira em 2021.

Segundo a economista da CNI e autora do estudo, Maria Carolina Marques — como as bandeiras representam somente uma parcela da conta de energia —, o percentual de elevação na conta total é menor.

Assim, o aumento total na bandeira deve causar uma alta de 16,87% na conta de luz das famílias. Este calculo tem como base o valor inicial da bandeira vermelha patamar 2.

para 2022, há a projeção de um aumento médio anual de 18,80% — entre a manutenção da bandeira escassez hídrica nos primeiros meses do ano e os aumentos da tarifa energética no mercado cativo.

A energia mais cara deve causar impacto em diversos aspectos do país
A energia mais cara deve causar impacto em diversos aspectos do país (Imagem: Montagem/FDR)

Setores industriais mais impactados pelo custo da energia

A confederação informa que a subida no preço da energia elétrica não impacta todos os consumidores da mesma forma.

A economista da CNI alega que o resultado setorial depende de três fatores: variação de preços, intensidade no consumo de energia e se os produtos fabricados pelo setor possuem comercialização internacional.

Sendo assim, os setores industriais mais afetados pelo aumento de energia são:

  • Energia elétrica, gás natural e outras utilidades;
  • Metalurgia;
  • Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores;
  • Produção de ferro gusa, ferroligas, siderurgia e tubos de aço;
  • Fabricação de produtos de madeira;
  • Mineração;
  • Têxteis;
  • Celulose e papel.

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Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.