Fundos imobiliários: vale a pena investir com juros e inflação em alta?

Em um cenário de juros em alta, é comum observar uma movimentação dos investidores que decidem migrar da renda variável para os títulos públicos. Em decorrência disso, os ativos como fundos imobiliários (FLLS) se desvalorizam e deixam de ser encarados como atrativos. Porém, especialistas afirmam que FIIs que investem em títulos imobiliários são boas maneiras de se proteger das oscilações do mercado, acontecimento comum nos últimos tempos.

Isto acontece pois os fundos imobiliários “de papel” investem em títulos que se orientam pelos indicadores macroeconômicos, em especial, de inflação, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). 

Esses fundos imobiliários possuem ainda indexadores para correção dos rendimentos do portfólio no geral, sendo o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) o mais comum.

Isto significa na prática, que os ativos acompanham as elevações dos juros e da inflação, o que acaba protegendo seus cotistas das variações do cenário econômico do Brasil.

“O cenário que a gente tem hoje impacta positivamente os rendimentos dos fundos de papel, porque os gestores conseguem encontrar títulos com taxas de rentabilidade melhores e aumentar o pagamento aos cotistas”, explica Marcos Corrêa, especialista em fundos imobiliários da Suno Research.

Marcos se refere a alta dos juros e da inflação. No último mês, o IPCA, a inflação oficial do Brasil registrou crescimento de preços acumulado em 6,90% no ano. Em 12 meses, chegou a 10,25%. Especialmente em setembro, especificamente, o IPCA registrou alta de 1,16%, resultado na maior variação para o mês desde 1994.

Por sua vez, os juros medidos pela Selic, neste ano, subiram dos 2% ao ano em janeiro para os atuais 6,25%. A projeção é que a taxa encerre este ano em 8,25%, de acordo com o último Boletim Focus, relatório elaborado semanalmente pelo Banco Central.

Gustavo Asdourian, sócio da Guardian Gestora, diz que com fundos imobiliários de papel na carteira, o investidor fica protegido contra a inflação. “Um fundo alocado no IPCA rendeu mais de 1% em setembro, no mínimo. Na prática, você está protegendo o seu capital da perda de poder de compra”, explica.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.