Como Auxílio Brasil fora do teto de gastos afeta negativamente o mercado financeiro

Pontos-chave
  • Parte dos valores do Auxílio Brasil pode ultrapassar teto de gastos;
  • A notícia impactou negativamente a bolsa de valores e dólar;
  • Analistas demonstram preocupação com a dívida pública nacional.

A notícia de que o Auxílio Brasil terá o pagamento de R$ 400, com parte do montante fora do teto de gastos, o mercado financeiro reagiu negativamente. Este programa substituirá o Bolsa Família. Entenda como Auxílio Brasil fora do teto de gastos afeta negativamente o mercado financeiro.

A partir de novembro, o governo pretende lançar as regras do Auxílio Brasil. Conforme veiculado pela imprensa, a intenção é de realizar um pagamento médio de R$ 400. Cerca de 17 milhões de brasileiros seriam beneficiados.

Apesar disso, parte deste benefício seria pago fora da regra do teto de gastos — que estabelece um limite do crescimento da dívida pública.

Diante dessa possibilidade, o mercado financeiro reagiu negativamente. Nesta terça-feira (19), a Bolsa de Valores passou por queda, mesmo em um dia em que diversas bolsas mundiais subiram. O índice de referência da bolsa paulista, Ibovespa, diminuiu 3,29%.

Já o dólar teve alta, fechando com valor próximo a R$ 5,60. O impacto negativo acontece diante do problema estrutural nas contas públicas enfrentado pelo Brasil.

Como Auxílio Brasil fora do teto de gastos afeta negativamente o mercado financeiro?

Por conta da possibilidade de rompimento do teto de gastos — visto com a âncora fiscal do país —, há uma maior percepção de risco. Consequentemente, acontece uma saída de dólares do Brasil, de forma a causar uma desvalorização do real em comparação à moeda norte-americana.

Este movimento tem o potencial de causar mais inflação e aumentos dos juros. Outra consequência é a redução do crescimento da economia.

Conforme apurado pelo G1, o mercado esperava que o Auxílio Brasil tivesse um pagamento menor, de R$ 300. Isso se deve porque os valores destinados para o benefício já haviam sido definidos.

À Reuters, o chefe da área de estratégia da Renascença. Sérgio Goldestein, afirma que o mercado entende essas medidas como populismo fiscal, de finalidade eleitoreira.

Diante disso, ele entende que o prêmio de risco tem que elevar mesmo. Goldestein ainda afirma que a ação do governo desmoraliza o teto de gastos.

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Preocupação com a crise fiscal brasileira

Segundo análise do G1, o Brasil é considerado uma nação com alto grau de endividamento para uma economia emergente. Por exemplo, no passado, a piora na questão fiscal fez com que o país perdesse o grau de investimento por algumas agências de classificação de risco.

Investidores e analistas entendem que um grau maior da dívida pública — e o risco de um descontrole da situação fiscal — é um dos principais causadores de incerteza doméstica. Com isso, poderia tornar inviável uma retomada sustentada da economia nacional.

Desde 2014, o país gasta mais do que arrecada com impostos. No entanto, por conta da pandemia de covid-19, houve aumento nas despesas governamentais, de modo a agravar a situação enfrentada no Brasil.

Analistas apontam a desorganização governamental como problema do Auxílio Brasil

Conforme analistas ouvidos pelo CNN Brasil Business, o problema do Auxílio Brasil passa pela desorganização e falta de compromisso e coordenação com que o governo tenta implantar — a qualquer custo — este benefício do governo.

Segundo eles, nesta terça-feira (19), estes fatores pesaram para os agentes financeiros na decisão de retirar dinheiro de ativos brasileiros.

Alguns especialistas acreditam que a questão não é tanto sobre o quanto o aumento do programa ultrapassa o teto. Essa parcela dos analistas entende que o financiamento de um novo Bolsa Família nessa condição até poderia ser discutível.

A consternação ocorre porque o movimento, como foi realizado, indica o descompromisso governamental com qualquer controle das dívidas. Com isso, os analistas entendem ser difícil projetar qual pode ser a próxima elevação de gasto.

Uma das principais preocupações dos economistas, acerca do possível furo no teto, está nas emendas parlamentares. Estas verbas do Orçamento disputam espaço no teto com outras despesas.

Diante da possibilidade de ter parte dos gastos fora da conta do teto em 2022, as emendas — em meio a um ano eleitoral — podem ganhar espaço para crescer. Como resultado, haveria uma subida nos desembolsos, de forma a elevar a dívida pública.

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Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.
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